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Com investimento de US$ 580 milhões – quase R$ 3 bilhões –, o polo industrial General Pacheco, na região norte da Grande Buenos Aires, passa por sua segunda etapa de transformação para fabricar a nova geração da Ranger. De lá, a picape média da Ford é distribuída para toda a América Latina, incluindo o mercado brasileiro. Para adequar-se a produção da nova Ranger, que foi apresentada em maio na Tailândia e deverá chegar às linhas de montagem argentinas no início de 2023, a Ford aprimora sua unidade indústria local com tecnologias de ponta e ciência de dados, processos típicos da Manufatura 4.0, e sistemas avançados aplicados à otimização de recursos, à qualidade final e à sustentabilidade. Com esses atributos, a unidade fabril inaugurada em 1961 pretende se reposicionar como uma das mais modernas da América do Sul – atualmente é a única fábrica da Ford no continente. Até janeiro de 2021, a marca norte-americana tinha fábrica de automóveis em Camaçari (BA) e de motores e transmissão em Taubaté (SP). Desde então, fechou as fábricas brasileiras e passou a atuar apenas como importadora para o mercado nacional – atualmente, além da Ranger que vem da Argentina, traz para o país a picape Maverick (do México), os utilitários esportivos Bronco (do México) e Territory (da China) e o cupê esportivo Mustang Mach 1 (dos Estados Unidos), além do furgão Transit, montado no Uruguai. A marca mantém no Brasil um Centro de Desenvolvimento e Tecnologia, na cidade baiana de Camaçari, e um campo de provas em Tatuí, no interior de São Paulo. Em janeiro de 2021, a Ford tinha 283 concessionárias em todo o país. Atualmente, são pouco mais de 100 pontos de venda.

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As inovações promovidas na fábrica argentina da Ford resultam também em mudanças na cultura das equipes e na sua experiência de trabalho. Por meio de novos treinamentos, os operários são orientados para tomar decisões e oferecer soluções para o dia a dia de trabalho e nos novos projetos. O segundo momento da transformação no polo industrial Pacheco – ocorrido em abril e maio deste ano – contemplou os setores de Estamparia, Carroceria e Montagem, exigindo a paralisação dos processos produtivos por seis semanas. Assim, equipamentos de última geração puderam ser instalados e validados. No setor de Carrocerias, foram incorporados mais de 300 robôs de soldagem automática que operam em sincronia para formar a caçamba e a cabine da Ranger. Essas tecnologias levaram a uma expansão de cerca de 90% da capacidade instalada da área. As mudanças começaram durante a primeira fase de obras, em 2021, e, agora, metade dos módulos restantes foram adicionados. O plano de instalação das células robóticas foi concluído para atingir o objetivo de soldagem manual zero nas principais operações.

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Na área de Estamparia – na qual a produção começa e são moldados os painéis que formam o “esqueleto” do veículo –, já foram iniciados os testes para colocar em operação a nova linha de prensas de alta velocidade. Uma instalação de cerca de 59 metros de comprimento por 12 metros de largura permitirá até quatro vezes mais o número de peças finalizadas por hora. Para o assentamento da megaestrutura, foram necessárias obras de movimentação de solo e fundações, que demandaram mais de 900 metros cúbicos de concreto e 70 toneladas de ferro. Da mesma forma, os tetos existentes tiveram de ser elevados em seis metros. Já na Montagem, foi concluída a transformação das linhas de chassis e estofados. Cada estação de trabalho foi modificada para se adaptar aos novos parâmetros globais de produção. Uma linha de 250 metros de placas planas incorporou tecnologias para a segurança dos operadores, reduzindo seu esforço físico e ganhando mais precisão. Novos sistemas avançados de ar-condicionado foram instalados em toda a fábrica.

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A nova geração da Ranger já se beneficiará dos investimentos e mudanças na fábrica de General Pacheco, que permitirá aumentar os padrões e níveis diários de produção. Desde 2020, 400 novos trabalhadores foram incorporados para atender à demanda na América do Sul, agregando novos destinos como a República Dominicana, Guatemala e o Panamá. Mais de 70% da produção na Argentina é destinada à América Latina, especialmente ao Brasil. Quanto à nova geração da picape, a Ford já confirmou que será equipada com uma gama de três motores a diesel, um turbo com 150 cavalos de potência e 35,5 kgfm de torque, outro biturbo com 170 cavalos e 40,5 kgfm e o mais potente, um 3.0 V6, com 250 cavalos e 60,5 kgfm – herdado de uma das versões da F-150. Haverá ainda duas opções turbo a gasolina, a 2.3 com 210 cavalos e a 3.0 com 302 cavalos. A transmissão será sempre a automática de 10 marchas. Visualmente, a nova Ranger tem alguns detalhes externos que remetem ao Bronco e à Maverick, ambos vendidos no Brasil. No interior, a nova geração da picape traz uma central multimídia de 12 polegadas colocada na vertical, seguindo exemplo da Ram 1500 e da Fiat Toro. O painel de instrumentos é 100% digital.

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A aproximação do lançamento regional da nova geração da Ranger, que acontecerá em 2023, já se reflete no mercado brasileiro. De janeiro a julho, a Ranger viu a concorrente direta Mitsubishi L200 ocupar sua tradicional terceira posição no ranking de vendas do segmento de picapes médias. No acumulado dos sete primeiros meses de 2022, a Toyota Hilux sedimentou a liderança, com 25.666 unidades emplacadas, à frente da Chevrolet S10 (16.204) e da L200 (9.036). A Ranger aparece agora em quarto, com 7.323 exemplares vendidos, seguida pela Nissan Frontier (4.741) e pela Volkswagen Amarok (2.579).

Por Martin Echaide, do site argentino “MinutoMotor”e Daniel Dias, da AutoMotrix

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