Luiza Kreitlon / Automotrix

No primeiro semestre deste ano, os automóveis 100% elétricos venderam 3.395 unidades no Brasil – um crescimento surpreendente quando se constata que, no ano inteiro de 2021, foram emplacados no país 2.851 carros carregáveis em tomadas. E o grande destaque do semestre foi junho, quando o segmento teve 1.089 vendas – projetando que o total anual pode ultrapassar as 10 mil unidades. Não há fabricante de veículos que não tenha em estudo algum nível de eletrificação dos motores e alguns já estão disponíveis por aqui. A Volvo, por exemplo, lançou em setembro do ano passado no Brasil o utilitário esportivo XC40 Recharge Pure Electric, seu primeiro modelo 100% elétrico. Este ano, apresentou ao mercado nacional o crossover C40 Recharge Pure Electric. Disponibilizado em pré-venda no início de fevereiro, o modelo da Volvo emplacou 370 unidades no primeiro semestre e posicionou-se como o terceiro automóvel 100% elétrico mais vendido do país – foi superado pelo XC40 Recharge, com 629 emplacamentos, e pelo Renault Kangoo Van e-Tech, com 393.

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Em outubro do ano passado, as primeiras unidades do C40 começaram a sair das linhas de montagem de Gent, na Bélgica, onde também é fabricada a versão elétrica do XC40, que utiliza a mesma plataforma CMA. Primeiro Volvo criado originalmente sem motor a combustão – o XC40 é derivado de um modelo movido a gasolina –, o crossover tem 4,44 metros de comprimento, 2,03 metros de largura (com retrovisores), 1,59 metro de altura, 2,70 metros de distância de entre-eixos e pesa 2.207 quilos. Em relação ao XC40, o C40 é dois centímetros mais comprido, 17 centímetros mais largo, seis centímetros mais baixo e pesa 89 quilos a mais. Os grupos ópticos frontais têm tecnologia pixel, com uma assinatura luminosa que reedita o “martelo de Thor”, presente nos faróis de todos os carros da Volvo atuais. A silhueta é dinâmica, com uma linha de cintura elevada e o teto preto quase alinhado à tampa do bagageiro. Aerofólios e spoilers traseiros reduzem a resistência ao ar e ajudam a ampliar a autonomia. As rodas de liga leve de cinco raios alternam superfícies de alumínio polido e pintura preta. Na traseira, as lanternas de leds ostentam um gracioso visual tracejado na parte superior.

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Segundo a Volvo, o estilo do C40 se inspira na arquitetura escandinava ao valorizar o aproveitamento da luz ambiente, normalmente escassa nos países nórdicos. O interior tem uma luminosidade peculiar por conta do amplo teto panorâmico, que dispensa o uso da cortina de fechamento porque o vidro escurecido tem proteção UV de 99,5% – reduz em 95% a entrada de luz e bloqueia 80% da radiação solar. O crossover recarregável na tomada “herdou” o Google Automotive Services apresentado no XC40 elétrico. O sistema de infoentretenimento com tela de 9 polegadas sensível ao toque permite atualizações remotas de softwares sem fios. O painel digital tem 12,3 polegadas. A capacidade do porta-malas é de 413 litros, mas há ainda um nicho de 31 litros sob o capô, conveniente para guardar os cabos de carregamento de energia.

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O “powertrain” P8 do C40 é composto por dois motores de 204 cavalos cada, um tracionando em cada eixo – é idêntico ao que move o XC40 Recharge Pure Electric e oferece o mesmo rendimento combinado de 408 cavalos e 67,3 kgfm. De acordo com a Volvo, o conjunto permite acelerar de zero a 100 km/h em 4,7 segundos. A bateria, com 78 kWh de capacidade, proporciona uma autonomia estimada de 440 quilômetros e pode recuperar 80% da respectiva capacidade em 40 minutos em um posto de carga rápida de alta tensão e corrente contínua de 150 kW. Uma carga completa em uma ligação de corrente alternada de 11 kW leva cerca de oito horas. 

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O C40 conta com o One Pedal Drive, também adotado no XC40 Pure Electric e em outros carros elétricos, como o Nissan Leaf (no qual recebe o nome de e-Pedal). O sistema possibilita a aceleração e a frenagem usando apenas o pedal da direita e amplia a regeneração de energia e a autonomia. Também foram “emprestadas” do XC40 elétrico tecnologias de segurança como a câmera de 360 graus, o alerta de mudança de faixa, o aviso de ponto cego, o alerta de tráfego cruzado com frenagem automática e o City Safety, que reconhece pedestres, ciclistas e animais de grande porte e pode frear ou esterçar o volante para evitar uma colisão. O C40 vem equipado com o Pilot Assist e o controle de cruzeiro adaptativo, com sensores e câmeras que monitoram as faixas das vias e um sistema para comandar a aceleração e a frenagem, além de controlar a distância do carro à frente. O crossover incorpora ainda o serviço de assistência Volvo On Call.

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Com os elevados valores dos combustíveis no Brasil, os carros elétricos só não vendem mais por aqui por conta dos preços, expressivamente mais caros que os modelos com motores a combustão. O C40 Recharge é comercializado no Brasil por R$ 419.950 – exatos R$ 20 mil a mais em relação aos R$ 399.950 cobrados pelo XC40 Recharge. Além dos dois modelos Pure Electric, a atual linha Volvo no Brasil é complementada por dois utilitários esportivos híbridos plug-in – o médio-grande XC60 Recharge e o grande XC90 Recharge, que chegaram ao país em junho. Ambos combinam motores a gasolina com propulsores elétricos.

Experiência a bordo

Sobriamente funcional

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O design automotivo escandinavo sempre foi caracterizado pelo foco na funcionalidade e pelo aspecto austero, sem muitas firulas. No C40, chamam a atenção as soluções inteligentes de armazenamento para todo o tipo de objeto. Um nicho frontal oferece indução para carregar smartphones. O sistema multimídia Google Automotive Services possibilita usar comando de voz para controlar a temperatura, definir um destino, tocar música e enviar mensagens. O som é integrado aos auto-falantes premium Harman Kardon. As tomadas USB são todas do tipo C – não há nenhuma de “normal”. Embora os espaços para as pernas sejam generosos, os passageiros com mais de 1,80 metro devem evitar os bancos traseiros para não raspar a cabeça no teto.

O C40 usa e abusa de materiais alternativos e reciclados, sem abdicar da sofisticação. Nos bancos, os revestimentos em couro natural foram banidos dos Volvo e deram lugar ao Microtech, um material à base de PVC com um suporte têxtil, feito de poliéster 100% reciclado. Nas superfícies das portas e painéis aparece o acabamento Topography, feito de plásticos reciclados com detalhes em formas de mapas topográficos. Retroiluminado e tridimensional, o revestimento combina com a cor interna Fjord Blue – também disponível para a carroceria. E as superfícies dos tapetes são feitas de garrafas plásticas recicladas. 

Impressões ao dirigir

Faz bonito

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O C40 é um automóvel singular, que surpreende em muitos momentos. Já ao entrar e tentar ligar o crossover elétrico, surge a primeira novidade: não há ignição por chave nem botão de partida. O C40 é ligado no momento em que o condutor entra no carro (a chave pode estar no bolso), afivela os cintos e seleciona no câmbio tipo joystick a posição Drive (D). Também não há freio de estacionamento – basta acelerar e sair. Para desligar o carro, é preciso apenas colocar o câmbio na posição Parking (P) e sair do veículo. Leva algum tempo para se acostumar ao “modus operandi” pouco ortodoxo do C40 – mas, quando o motorista se acostuma, constata que é tudo simples e extremamente prático. 

O característico silêncio do “powertrain” elétrico reforça o aspecto futurista do ambiente. Com o One Pedal Drive em ação, no “para e anda” do trânsito, basta interromper a pressão no pedal e o veículo começa a frear – e a recarregar as baterias. Se necessário, pisar no freio da forma convencional resulta em paradas precisas e eficientes. Nas rodovias, nas quais normalmente se pratica velocidades estáveis e mais elevadas, o One Pedal Drive se mostra muito sensível às eventuais oscilações da pressão no pedal da direita, o que pode transmitir uma desconfortável oscilação na velocidade de cruzeiro. Felizmente, é possível regular a intensidade de atuação do sistema ou até desativar o One Pedal Drive e usar o acelerador e o freio na forma convencional.

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Quando o motorista pisa mais fundo no acelerador, os 67,3 kgfm de torque e os 408 cavalos do C40 chegam às quatro rodas com um imediatismo arrebatador. Tão logo o motorista se adapta à transmissão instantânea de torque característica dos veículos elétricos, o C40 deixa claro o carro instigante que é. Esbanja autoridade e confiabilidade para fazer retomadas revigorantes, que permitem ultrapassagens seguras. Contudo, como em todos os carros atuais da Volvo, o limitador de velocidade restringe a aceleração aos 180 km/h – velocidade atingível com facilidade, sem qualquer esforço aparente. A suspensão é muito bem equilibrada e, como as baterias ficam sob o assoalho, o centro de gravidade baixo ainda ajuda a “grudar” o carro no chão nas curvas rápidas.  

Ficha Técnica

Volvo C40 Recharge Pure Electric

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Motor: P8 Electric (dois, um em cada eixo)

Potência: 300 kW/408 cavalos

Torque: 67,3 kgfm

Capacidade da bateria: 78 kWh

Tração: integral AWD (All Wheel Drive)

Suspensão: independente tipo MacPherson na dianteira e independente multibraços na traseira

Pneus e rodas: rodas de alumínio de 20 polegadas (R135) com pneus 235/45 dianteiros e 255/40 traseiros

Freios: discos ventilados na frente e sólidos atrás

Porta-malas: 413 litros

Dimensões: 4,44 metros de comprimento, 2,03 metros de largura (com retrovisores), 1,59 metro de altura e 2,70 metros de distância de entre-eixos

Peso: 2.207 quilos

Preço: R$ 419.950


Por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos:  Luiza Kreitlon/AutoMotrix

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