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A Iveco fechou 2019 com 3.892 caminhões vendidos e 3,83% de “market share”. Em 2022, a Iveco aparece em uma posição bem mais interessante. Até maio, acumula uma participação de 9,65%, com 4.483 caminhões emplacados – uma evolução de 62,4 % sobre as 2.761 unidades vendidas nos cinco primeiros meses do ano passado. E a expectativa é fechar 2022 com um “market share” acima de 10%. Um dos responsáveis pela valorização da marca italiana no Brasil é o executivo Márcio Querichelli, um engenheiro mecânico com MBA em Administração de Empresas e Negócios Internacionais. Em abril de 2020, quando já acumulava 35 anos de experiência no setor automotivo, deixou a diretoria regional de vendas e serviços da Mercedes-Benz para assumir a presidência da Iveco para a América Latina. Desde então, promoveu uma intensa renovação da linha de produtos. “A Iveco vem avançando a cada ano no aprimoramento de seu portfólio, e a economia de combustível é um dos principais pontos que a engenharia leva em consideração nesse processo”, explica Querichelli. 

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P) Há alguns anos, alguns caminhões da Iveco, como o antigo Stralis, tinham fama de consumirem muito combustível o que é um “pecado mortal” no segmento de transporte de carga. Como a Iveco superou essa percepção negativa? 

Márcio Querichelli – Ouvir o consumidor é fundamental. Alguns produtos foram substituídos por modelos totalmente novos e os outros receberam aprimoramentos. O Hi-Way evoluiu a partir de pesquisas feitas com os clientes da marca. Com o apoio da FPT Industrial, a Iveco desenvolveu um pacote de melhorias técnicas que aumentou significativamente o torque e a economia de combustível. As mudanças contemplaram a turbina, o coletor de escape, o volante do motor e o aumento da eficiência do sistema de arrefecimento, além da calibração geral de motor e caixa. Com o maior torque, o desempenho dos caminhões permitiu, por exemplo, retomadas mais eficientes, resultando em menor tempo médio de viagem e maior produtividade. Para otimizar os custos operacionais em todas as condições de uso, o cliente tem a opção do “modo econômico”, acionado por meio da tecla “Eco” no painel, que possibilita a redução no consumo de combustível.

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P) Dentro da expansão de vendas da Iveco, quais são os atuais “puxadores de vendas” da marca?

Querichelli – O campeão de vendas da Iveco é a linha de comerciais leves Daily. O modelo está alinhado com o design europeu da marca, se destaca pela tecnologia e segurança embarcada de série, conforto de automóvel, robustez de caminhão, performance, tecnologia e o melhor custo total de propriedade na sua categoria. A linha de caminhões leves e médios Tector também está registrando altos volumes de venda. Os modelos estão prontos para qualquer desafio em versões entre 9 toneladas a 31 toneladas, que podem facilmente atender a qualquer tipo de demanda, desde entregas no varejo até transporte de grãos. A partir dos modelos de 17 toneladas, a Iveco oferece a opção da transmissão automatizada Auto-Shift, a mais avançada da categoria. E os pesados Hi-Road e Hi-Way seguem conquistando novos clientes. São caminhões aptos para o transporte rodoviário nos segmentos agro, alimentício e cargas refrigeradas, proporcionando para o cliente rentabilidade na operação, com baixo consumo de combustível e conforto para os motoristas.

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P) Em meio à falta de componentes que atrapalha a indústria automotiva global, notadamente de semicondutores, como a Iveco conseguiu aumentar sua produção e ampliar as vendas em 62,4% de janeiro a maio de 2022, em relação aos primeiros cinco meses de 2021?

Querichelli – Apesar do forte impacto causado pela pandemia na cadeia logística global e regional, o setor de veículos de carga conseguiu driblar a crise, muito impulsionado pelo agronegócio e o varejo, já que o país tem uma forte dependência do modal rodoviário. E a Iveco segue essa tendência registrando crescimento sustentável neste ano. O problema da falta de componentes afetou o setor como um todo, mas trabalhamos constantemente, junto aos fornecedores, para buscar soluções alternativas e manter o atendimento dos pedidos aos clientes e concessionários. O período desafiador obrigou o setor a repensar processos e procurar novas soluções para manter as operações rodando sem interrupções. Entre as soluções praticadas estão a importação, o uso de fornecedores alternativos, a homologação de novos componentes e fretes dedicados para abastecer a linha, melhorando assim o “lead time” dos componentes. 

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P) Para atender à crescente demanda pela redução do impacto ambiental nos transportes, a Iveco pretende investir na oferta de caminhões movidos a gás para o mercado brasileiro. Em quais segmentos pretende atuar? 

Querichelli – A Iveco aposta muito no Gás Natural Veicular (GNV), principalmente no biometano, como uma alternativa viável para a redução de poluentes e custo operacional no transporte de cargas e coletivo. O gás natural é um combustível ambientalmente superior ao diesel, por exemplo, porque garante a emissão de menos da metade de monóxido de carbono e de gás carbônico. De olho nisso, pretendemos consolidar o desenvolvimento de um caminhão rodoviário movido a biometano como parte do nosso programa Brasil Natural Power, criado especificamente para atender às principais missões de transporte de cargas rodoviárias feitas no país. O início do programa acontece já a partir do segundo trimestre de 2022 com a operação assistida em clientes-chave. O programa proporcionará algo “personalizado” para que esses veículos atendam aos clientes brasileiros com foco nas peculiaridades da rotina operacional que eles têm no país. O pesado da Iveco movido a biometano já “deu as caras” em um evento realizado em março, no Palácio do Planalto, por conta da assinatura do decreto do Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (REIDI) para o biometano e do lançamento do Programa de Redução de Metano. 

P) Qual é o papel da rede de revendedores na ampliação das vendas? 

Querichelli – A rede é fundamental na nossa estratégia para continuar crescendo no mercado de transportes da América Latina. Já contamos com 160 pontos de atendimento na região, sendo 91 no Brasil, onde cobrimos 100% do território nacional. Neste ano, intensificaremos ainda mais a expansão da capilaridade com o desenvolvimento e padronização da rede para atender aos clientes com qualidade e agilidade, onde quer que eles estejam. Devemos ultrapassar até o final de 2022 os cem pontos no país, e na América Latina, devemos chegar a 178. 

Por: Luiz Humberto Monteiro Pereiras/AutoMotrix – Fotos: Divulgação

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