As 2.133 unidades da Nissan Frontier emplacadas no Brasil no primeiro trimestre de 2022 deram ao modelo o quinto lugar no segmento de picapes médias – foi superada pela Toyota Hilux (9.441 unidades), pela Chevrolet S10 (5.527), pela Ford Ranger (2.991) e pela Mitsubishi L200 (2.704), se posicionando à frente da Volkswagen Amarok (1.703). Embora a Frontier tenha ampliado sua participação de mercado nos últimos anos – até 2020, vendia menos do que a Amarok –, a Nissan não está satisfeita com o resultado. Dentro dos ambiciosos planos da marca japonesa de estar entre os líderes de mercado em todos os segmentos em que atua, o quinto lugar ainda parece uma posição um tanto coadjuvante. Com a missão de assumir o desejado protagonismo, a Frontier 2023 desembarca nas concessionárias brasileiras no final de abril.
A Frontier foi lançada no Brasil em 1998, inicialmente importada do Japão. Em 2002 tornou-se o primeiro Nissan “made in Brazil”, montada na unidade industrial da Renault em São José dos Pinhais, no Paraná. Com o encerramento da produção nacional, em 2016, a décima segunda geração da picape média chegou ao país em março de 2017, importada, no início, do México. Desde o final de 2018, passou a vir da Argentina, da fábrica de Córdoba. A mudança da origem industrial para o país vizinho ampliou a interação com a Nissan do Brasil, que exporta para a Argentina o utilitário esportivo compacto Kicks, produzido na cidade fluminense de Resende.
A Frontier 2023 traz um desenho robusto que segue o conceito global Nissan Emotional Geometry Design. A grade foi ampliada e parece mais interligada com os novos faróis, que ganharam projetores de leds quádruplos com luz diurna em forma de “C”. Na traseira, as lanternas de leds, embora mantenham o desenho trapezoidal e verticalizado das anteriores, também foram renovadas em seus elementos internos e ganharam um aspecto mais moderno. Boa parte das novidades estilísticas se concentra na nova versão Pro-4X (o marketing da Nissan pronuncia “prô-fór-éx”). Seu estilo é direcionado para atrair os amantes de aventuras extremas ou aqueles que apenas sonham em fugir da rotina urbana. Nela, vários detalhes reforçam a sua diferenciação, dos para-lamas exclusivos ao santantônio. Até o logo da Nissan na versão é diferente – vem na cor vermelha.
A caçamba tem uma altura sutilmente maior em relação à antecessora – 2,5 centímetros, perto da cabine, e até cinco centímetros nas laterais, perto da tampa –, mas manteve a capacidade para até 1.054 litros de carga (1.030 quilos). Dentro, o espaço tem ganchos com argola posicionadas perto do assoalho. E ainda há uma tomada de 12V para permitir a conexão de dispositivos eletrônicos de lazer ou de trabalho. Além disso, a tampa do compartimento, que agora traz o nome Frontier em baixo relevo, recebeu dois amortecedores que reduziram o peso na hora de sua abertura, permitindo sua manipulação com apenas uma mão. E o para-choque traseiro ganhou um degrau que facilita o acesso.
A nova Frontier traz um pacote de tecnologias de segurança e conforto que fazem parte do Nissan Intelligent Safety Shield – e só estão disponíveis nas versões “top” Platinum e Pro-4X. Entre esses sistemas está o Alerta Avançado de Colisão Frontal, o Assistente Inteligente de Frenagem, o Alerta Inteligente de Mudança de Faixa, o Assistente de Prevenção de Mudança de Faixa, o Alerta Inteligente de Atenção do Motorista, o Alerta de Ponto Cego, a Visão 360 Graus Inteligente com Detecção de Objetos em Movimento, o Alerta de Tráfego Cruzado Traseiro, o Assistente de Altura e o Intensidade dos Faróis. Desde a versão de entrada, a Frontier é equipada com sistema de auxílio de partida em rampa, controle automático de descida e controle eletrônico de frenagem (EBD). A segurança ainda é garantida em todas as versões por seis airbags, sistema Isofix e alerta de uso dos cintos dianteiros e traseiros.
No console central, próximo da alavanca do câmbio, um seletor permite a escolha do modo de condução entre quatro opções: “Standard” – ideal para situações normais na cidade e estrada –, “Sport” – mantém a posição de marcha mais baixa levando a rotações mais altas e garantindo potência do propulsor e freio-motor mais forte –, “Off-Road” – modula o acelerador para manter as rotações altas e ganhar força em baixas velocidades – e “Tow” – ideal para ser usado com carga máxima ou ao se puxar um reboque. Esse recurso se une ao sistema que permite a troca entre as opções 4×2, 4×4 High e 4×4 Low. A versão Pro-4X conta ainda com o Bloqueio do Diferencial Traseiro.
A Frontier mantém as duas configurações de motor a diesel do modelo anterior, uma com dois turbos de 190 cavalos e 45,9 kgfm de torque e outra com 163 cavalos e 43,3 kgfm. O propulsor, para se adequar às normas de emissões L7, conta agora com sistema Redutor Catalítico (SCR) com Arla 32. O reservatório do Arla 32 é acessado por uma tampa que fica ao lado do bocal de combustível. A necessidade de abastecimento é avisada por uma mensagem de autonomia no display de TFT no painel de instrumentos.
Além das configurações S, Attack e XE, disponíveis no modelo anterior, há as novas opções SE, Platinum e Pro-4X. As duas últimas dividem o topo da linha. Com as novidades, a família do utilitário oferece opções voltadas para grupos distintos: a Pro-4X para os aficionados por aventura, a Platinum para quem exige conforto e a SE voltada para o trabalho, mas com câmbio automático. A nova Frontier chega às concessionárias com preços que partem de R$ 230.190 na configuração básica S 4×4 com câmbio manual e atingem R$ 314.590 nas versões “top” Platinum 4×4 e Pro4X 4×4, ambas automáticas. Se alcançar as distantes líderes Hilux e S10 parece missão muito difícil a curto prazo, uma elevação de 35% nas atuais vendas mensais já colocaria a Frontier na disputa da terceira posição com a Ranger, que daria ao modelo da Nissan um cobiçado lugar no “pódio” das picapes médias.
Experiência a bordo
Ajustes pontuais
Como é corriqueiro no segmento de picapes médias, os plásticos duros predominam na nova Frontier – mesmo na versão “top” Pro4X. O volante é revestido em couro sintético e incorpora piloto automático e comandos de mídia, telefonia e computador de bordo, porém, tem apenas ajuste de altura, não de profundidade. O volante é igual ao do Kicks e o cluster conta com tela de TFT de 7 polegadas, a maior do segmento. A picape manteve a tela de 8 polegadas para o sistema multimídia no console central, que se conecta a smartphones e permite ativar recursos como streaming de áudio por Bluetooth, reconhecimento de voz e navegação.
Nos bancos dianteiros, a Nissan mantém a tecnologia “Gravidade Zero”, desenvolvida pela Nasa para eliminar a fadiga e melhorar o conforto para o condutor. A picape é a única do segmento a ter teto solar, ar-condicionado digital de duas zonas e saídas de ar para o banco traseiro. São três entradas USB para carregar dispositivos e garantir conectividade. Há ainda duas entradas de 12V para carregar aparelhos na cabine – além da disponível na caçamba. Para quem gosta de espalhar seus badulaques a bordo, existem 27 compartimentos.
Primeiras impressões
Versátil e consistente
Puerto Iguazu/Argentina – São 190 cavalos a 3.750 rpm e 45,9 kgfm a 2.500 rpm. Além dessas credenciais, o motor biturbodiesel 2.3 ainda se harmoniza muito bem com o câmbio automático de 7 marchas com função manual sequencial. A transmissão gerencia com eficiência as mudanças e proporciona ao conjunto um funcionamento suave e vigoroso. No asfalto, as mais de duas toneladas do veículo tornam-se insuspeitáveis, com o conjunto mecânico conferindo à Frontier uma “leveza” surpreendente. A suspensão dianteira tem ajuste mais macio e focado no conforto, enquanto o sistema multilink com molas helicoidais na traseira trabalha em conjunto com um eixo rígido e se encarrega de oferecer um bom equilíbrio dinâmico, tanto com o veículo vazio quanto com a caçamba carregada. A Frontier continua com direção hidráulica, enquanto a maioria das rivais já usa direção elétrica.
Para um bom desempenho no off-road, a Frontier avaliada era da versão Pro4X, com todas as tecnologias do Nissan Intelligent Safety Shield, tração 4×4 com reduzida e bloqueio do diferencial traseiro. O sistema Shift On The Fly permite acionar as opções de tração integral e reduzida girando um comando no painel. A estabilidade em trechos fora-de-estrada é boa, seja sobre lama ou pedras. Tecnologias como o Controle Inteligente de Descida e o Sistema Inteligente de Partida em Rampa atuam automaticamente nos freios do veículo para controlar o carro sem sustos em descidas íngremes e saídas da imobilidade em aclives. Com seus 31,6 graus de ângulo de ataque, 25,7 graus de saída e 25,2 centímetros de vão livre, a Frontier Pro4X, quando conduzida com a devida habilidade, dá conta de transpor obstáculos severos.
Ficha Técnica
Nissan Frontier Pro4X 4×4 AT
Motor: 2.3 diesel, 2.298 cm3, dianteiro, longitudinal, biturbo, quatro cilindros, 16 válvulas, injeção direta de combustível
Taxa de compressão: 15,4:1
Potência: 190 cavalos a 3.750 rpm
Torque: 45,9 kgfm a 2.500 rpm
Transmissão: automática de 7 marchas
Tração: 4×4 com reduzida
Freios: disco ventilado na dianteira e na traseira
Direção: hidráulica
Suspensão: dianteira com braços sobrepostos e barra estabilizadora, traseira multilink, barra estabilizadora e molas helicoidais
Rodas e pneus: alumínio 255/65 R17 All Terrain
Dimensões: comprimento de 5,26 metros, altura de 1,86 metro, largura sem retrovisores de 1,85 metro e distância de ente-eixos de 3,15 metros
Peso em ordem de marcha: 2.220 quilos
Preço: R$ 314.590
Por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Divulgação
Veja Também: