O nome é imponente, herdado de um antigo cupê que chegou a ser produzido no Brasil de 1973 a 1979. No ano passado, foi resgatado para uma nova picape com carroceria em monobloco, que se tornou um sucesso instantâneo no mercado norte-americano. Agora, a Ford Maverick desembarca no Brasil, importada do México. Construída sobre a mesma plataforma C2 do utilitário esportivo Bronco Sport, também importado do México, a nova picape tem 5,07 metros de comprimento, 2,13 metros de largura, 2,73 metros de altura e 3,07 metros de entre-eixos – ou seja, é 28 centímetros mais curta, 15 centímetros mais baixa, dois centímetros mais estreita e tem 15 centímetros a menos de entre-eixos que a Ranger, a picape média da Ford com chassi sobre longarinas, trazida da Argentina. Lançada no Brasil em uma única versão – a Lariat FX4, de perfil off-road –, a Maverick pretende oferecer a versatilidade e robustez das picapes com a dirigibilidade de um sedã premium e o conforto de um SUV. Se parece “mignon” em relação à Ranger e às outras picapes médias, a Maverick tem dimensões estrategicamente mais encorpadas em relação às da Toro. A picape intermediária (posicionada entre as compactas e as médias) em monobloco da Fiat busca o mesmo público cobiçado pela Maverick e vende muito bem – média de 5.909 emplacamentos mensais em 2021, que lhe renderam o posto de sétimo automóvel mais vendido do Brasil.
O design da Maverick segue a tendência musculosa da atual linha global de picapes da Ford. Inspirados na F-150, os faróis em leds da Maverick têm formato de “C”. São unidos por uma barra dupla horizontal que atravessa a ampla grade e sustenta o tradicional logo oval azul centralizado. Ganchos frontais para reboque ladeiam a entrada inferior de ar, abaixo da placa de identificação. No perfil, destacam-se a silhueta quadrática e a altura reduzida. As rodas de liga leve de 17 polegadas são na cor preta. Atrás, as lanternas são trapezoidais e o nicho da placa é deslocado para direita, para abrir lugar centralizado para a pré-instalação de engate para reboque com conector de quatro pinos e chicote – a picape pode puxar até 499 quilos. A inscrição “Maverick” aparece em baixo relevo, na tampa da caçamba. Com capacidade de carga de 617 quilos e 943 litros, a caçamba adota um conceito chamado “flexbed”, que reforça a versatilidade para transportar diferentes tipos de bagagens. O inusitado abridor de garrafas que chamou a atenção no porta-malas do Bronco Sport aparece reeditado na tampa traseira da Maverick.
O “powertrain” é formado por motor 2.0 EcoBoost a gasolina, tração integral AWD e transmissão automática de 8 velocidades com seletor de marchas rotativo (E-Shifter), o mesmo conjunto adotado no Bronco Sport. Mas, por ajustes na calibração na Maverick, entrega 253 cavalos, 13 a mais do que os 240 do SUV. A picape conta com sistema Auto Start/Stop – que desativa o motor nas paradas para poupar combustível – e oferece cinco modos de condução selecionáveis. Segundo a Ford, a Maverick acelera de zero a 100 km/h em 7,2 segundos e sua velocidade máxima é de 175 km/h. Ainda de acordo com a fabricante, o consumo fica em 8,8 km/l na cidade e 11,1 km/l na estrada.
A segurança da Maverick é reforçada por cintos de segurança de três pontos com ajuste de altura e pré-tensionadores na frente, ganchos Isofix, três alças de segurança dianteira e traseiras, monitoramento de pressão dos pneus e alarme perimétrico com imobilizador, além de sete airbags (dianteiros, laterais, de cortina e joelho para o motorista). Mais raras no segmento de picapes são as tecnologias de segurança como o assistente de frenagem autônoma com detecção de pedestre e ciclista, o alerta de colisão frontal, o sistema de assistência de frenagem e o freio automático após impacto. A lista de acessórios inclui capota rígida elétrica ou manual, capota marítima, santantônio, sensor de estacionamento, assistente de descida da tampa da caçamba, suporte para bicicleta, extensor/divisor e caixas organizadoras para a caçamba, estribos, entrada de ar do capô e aerofólios da cabine e da porta traseira. A Maverick oferece dez opções de cores, incluindo alguns tons vivos bastante raros em picapes: Vermelho Aurora, Laranja Delhi, Azul Malacara, Azul Lyse, Azul Indianápolis, Cinza Torres, Cinza Dover, Prata Orvalho, Branco Ártico e Preto Astúrias.
Se em termos de dimensões, equipamentos e motorização a Maverick mostra vantagens competitivas em relação à Toro, o preço anunciado pela Ford para a nova picape – R$ 239.990 (base Brasília), sem opcionais – deixa claro que a intenção da marca norte-americana é posicionar o novo modelo em um patamar mais próximo aos valores praticados nas picapes médias. Enquanto a picape intermediária da Fiat é oferecida por valores que vão de R$ 137.990 da mais básica Endurance aos R$ 207.390 da “top” Ultra, o preço da Maverick fica bem mais próximo dos R$ 246.190 pedidos pela Ranger Storm 3.2 Diesel 4×4 AT 2022, movida por um motor turbodiesel CDTI 3,2 litros de cinco cilindros que entrega 200 cavalos e 47,9 kgfm. Ou seja, a proposta da Maverick não é criar um novo patamar de preços na linha de picapes da Ford, mas sim oferecer uma opção para quem busca uma picape menor e mais ágil no uso urbano em comparação às médias – porém, com dirigibilidade e recursos off-road similares aos dos SUVs 4×4.
Experiência a bordo
Bons recursos
A altura da Maverick facilita o acesso tanto à caçamba quanto à cabine. Dentro dela, chamam a atenção as soluções criativas – como o amplo compartimento de 73 litros escondido sob o banco traseiro, ótimo para abrigar objetos que se pretenda manter protegidos dos olhares cobiçosos da sempre atenta bandidagem. A cabine, com um padrão mais simples em relação à do Bronco Sport, tem encaixes que permitem a fixação de porta-objetos personalizados, como porta-mapas ou revisteiros, que podem inclusive ser criados com impressoras 3D. O painel digital, a tela multimídia de 8 polegadas e os puxadores das portas com design singular são os destaques da cabine. Como os demais modelos da marca, a Maverick traz conectividade de série com o aplicativo FordPass, que coloca informações e comandos remotos no celular do motorista.
Na lista de equipamentos de série, outros destaques são os retrovisores elétricos com repetidor de seta, o ar-condicionado automático digital de duas zonas, a chave com sensor de presença, a abertura das portas por código sem chave (Keypad), o volante revestido em couro com ajuste de altura e profundidade, os bancos com ajuste elétrico de oito posições para o motorista, o painel de instrumentos com tela colorida de 6,5 polegadas, o console central com porta-objetos e descansa-braço, a tomada de 12 V na traseira e o multimídia Sync com tela “touchscreen” de 8 polegadas compatível com Android Auto e Apple CarPlay. Assistente de frenagem autônoma com detecção de pedestre e ciclista, alerta de colisão frontal, sistema de assistência de frenagem e freio automático após impacto reforçam a segurança. Contudo, na faixa de preços praticada pela Maverick, seriam esperados itens como o piloto automático adaptativo, o alerta de saída de faixas, o sensor de ponto-cego, o retrovisor interno fotocrômico e as aletas para trocas de marchas no volante. A capota marítima da caçamba ser oferecida apenas como acessório também é inusitado em uma picape de R$ 240 mil.
Primeiras Impressões
Nas rodas da versatilidade
O motor a gasolina 2.0 EcoBoost da Maverick gera 253 cavalos a 5.500 giros e 38,7 kgfm de torque e 3 mil rpm. Contudo, a curva de torque é bem plana e a maior parte da força já está disponível a partir de 1.500 rotações, o que justifica o desempenho ágil da picape – conforme os dados da Ford, acelera de zero a 100 km/h em 7,2 segundos. A transmissão não apresenta trancos ou indecisões. A suspensão bem regulada e os pneus todo-terreno Pirelli Scorpion AT 225/65 R17, também idênticos aos do Bronco Sport, ajudam a oferecer uma agradável consistência ao desempenho no asfalto. A capacidade de fazer curvas em alta de forma segura e elegante, mesmo com a caçamba vazia, e o bom diâmetro de giro são surpreendentes para uma picape.
No off-road, os números da Maverick falam por si. O entre-eixos é longo, de 3,07 metros – exatos 40 centímetros a mais que o Bronco Sport –, enquanto os ângulos de entrada (20,6 graus), de saída (21,2 graus) e de transposição de rampa (18,1 graus), a distância livre do solo (21,8 centímetros) e a capacidade de imersão (45 centímetros) são todos menores em comparação aos do “colega de fábrica” SUV. Apesar disso, embora sem a destreza radical do Bronco Sport nas trilhas, a Maverick se vira bem nos “pedaços de mau caminho”. Os modos de gerenciamento de terreno – “Normal”, “Escorregadio”, “Lama/Terra”, “Areia” e “Reboque/Transporte” – ajustam direção, controle eletrônico de estabilidade e tração, transmissão e resposta do motor. Se nenhum deles resolver, os dois ganchos frontais facilitam o reboque dos atoleiros.
Ficha técnica
Ford Maverick Lariat FX4 2022
Motor: 2.0 turbo EcoBoost a gasolina
Potência: 253 cavalos
Torque: 38,7 kgfm
Transmissão: automática de 8 velocidades
Tração: integral AWD
Suspensão: dianteira independente Twin-I-Beam e traseira multilink. Controle eletrônico de estabilidade e tração, controle automático em descida e assistente de partida em rampa
Direção: elétrica
Freios: disco nas quatro rodas, freio de estacionamento eletrônico e auto hold
Rodas e pneus: liga leve de 17 polegadas com pneus 225/65 R17 All Terrain e estepe full-size
Dimensões: 5,07 metros de comprimento, 2,13 metros de largura (incluindo os espelhos), 1,73 metro de altura e 3,07 metros de distância de entre-eixos
Vão livre do solo: 21,8 centímetros
Capacidade de imersão: 450 centímetros
Peso bruto total: 2.361 kg
Capacidade de carga: 617 kg ou 943 litros
Tanque de combustível: 67 litros
Preço: R$ 239.990 (base Brasília)
PorLuiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Luiza Kreitlon/AutoMotrix
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