Em novembro de 2022, a JAC Motors anunciou que só venderia carros elétricos no Brasil, tornando-se a primeira marca a abandonar totalmente os motores a combustão. A linha atual da montadora chinesa, 100% elétrica e importada da China, é composta por automóveis, utilitários e caminhões. De janeiro a novembro deste ano, a JAC emplacou 1.850 veículos elétricos no mercado brasileiro – um crescimento de 164,7% em relação aos números do acumulado de 2023. Apesar da expansão das vendas de seus modelos carregáveis em tomadas, o novo lançamento da JAC Motors é a Hunter, primeira picape média movida a diesel da marca no país, oferecida por R$ 239.900 para as primeiras mil unidades – R$ 20 mil a menos do que o preço de tabela. “Quando o governo retomou o imposto de importação integral para veículos elétricos, ficou claro que não dá mais para crescer vendendo apenas elétricos. Vimos quais produtos da JAC com motores a combustão seriam adequados para o mercado brasileiro e a Hunter era um deles. Precisamos dançar conforme a música. Quem não fizer isso, não conseguirá sobreviver no Brasil”, explicou Sérgio Habib, presidente do Grupo SHC e representante da JAC no Brasil.
Embora projete uma desaceleração nas vendas de elétricos no Brasil nos próximos anos, a JAC não abrirá mão de sua linha de veículos movidos a eletricidade. A novata Hunter se junta à divisão elétrica e já está disponível nas cinco concessionárias nacionais (todas pertencentes ao Grupo SHC) da JAC Motors – nas cidades de São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre e Brasília. Para contornar a reduzida quantidade de concessionárias para um país com dimensões continentais, a JAC Motors aposta no que chama de “Hunter Experience”, desenvolvida com base na comercialização da linha de elétricos. No sistema de vendas, a montadora leva a picape até o cliente, após um agendamento pelo link https://picape.jacmotors.com.br/hunter-hd/. O conceito de “test-drive delivery” permite que o interessado teste o modelo em sua garagem e em trajetos do dia a dia. Até o início de 2025, a JAC promete que a “Hunter Experience” chegará a 120 cidades – segundo a marca, todas terão veículos para “test-drive” e oficinas autorizadas para assistência e manutenção.
A Hunter tem 5,33 metros de comprimento, 1,96 metro de largura, 1,92 metro de altura e 3,11 metros de distância de entre-eixos. A caçamba, com proteção de série, tem capacidade para 1.135 litros ou 1.400 quilos. A frente tem estilo agressivo, com faróis full-led divididos e assinatura de leds nas luzes de circulação diurna. Uma grande moldura cinza destaca a ampla grade tipo colmeia e o logotipo escurecido da JAC. As laterais exibem vincos demarcados e para-lamas ressaltados, com retrovisores e maçanetas cromados. O santantônio estilizado e o rack são de série. A traseira tem lanternas retangulares e verticalizadas, com filetes de leds. Na tampa da caçamba, além de um grande “JAC” em alto relevo, aparecem em letras cromadas as inscrições “4WD” e “Hunter”.
O motor 2.0 turbodiesel entrega 191 cavalos de potência a 3.600 rpm e 46 kgfm de torque de 1.500 a 2.500 rpm. O câmbio automático sequencial é um ZF de 8 marchas. Conforme a fabricante, o conjunto leva a picape de zero a 100 km/h em 11,9 segundos e à velocidade máxima de 185 km/h. O nível de consumo, de acordo com o Inmetro, é de 9 km/l na cidade e 10,2 km/l na estrada.
Em termos de segurança, a Hunter oferece freios a disco nas quatro rodas, “hill holder”, fechamento automático das portas e controles eletrônicos de tração, de estabilidade, de pressão dos pneus e de velocidade de cruzeiro, com seis airbags (frontais, laterais dianteiros e do tipo cortina). Entre os itens de série da Hunter estão teto solar elétrico, retrovisores com rebatimento automático e vidros com função “one touch”, rodas de liga leve aro 18 diamantadas, pneus de uso misto 265/60 R18, apoio de braço traseiro com porta-copos, luzes de leitura individuais de leds, projeção do logotipo “JAC” ao abrir as portas, faróis ajustáveis em altura e cintos de segurança dianteiros com regulagem de altura.
A JAC Motors pretende trazer outras variações da Hunter para o Brasil. Uma terá suspensão traseira do tipo multilink (a versão atual utiliza eixo rígido atrás), com mais conforto no rodar e uma proposta mais urbana – e com capacidade de carga reduzida para mil quilos. Outra será a Hunter EV 4×4, com dois motores elétricos com 290 cavalos de potência e 62,2 kgfm de torque combinados. Com esse conjunto, entrega um zero a 100 km/h em 5,5 segundos. As baterias são de 88,3 kWh e prometem 313 quilômetros de autonomia, na medição do WLTP.
Experiência a bordo
Ambiente agradável
O acesso à Hunter é facilitado pelo estribo de série e pelas alças nas colunas “A”. Dentro, os revestimentos de couro artificial estão no console central, no volante multifuncional, nos painéis das portas e nos bancos trabalhados em matelassê – com abas laterais que ajudam a segurar o corpo nas curvas e ajustes elétricos para o do motorista e do carona. O painel digital com visor de 7 polegadas é personalizável, com gráficos coloridos. A central multimídia em formato de tablet tem 13 polegadas. A tela exibe as imagens das câmeras de ré e dianteira – combinadas às câmeras laterais, possibilitam visualizar o entorno da picape em 360 graus. É possível conectar o Android Auto ou Apple CarPlay e há recarga wireless para smartphones.
O console central abriga a manopla do câmbio e o freio de mão eletrônico com auto hold, que aciona os freios automaticamente em paradas. Também acomoda os comandos do sistema de tração e dos modos de condução. Os espaços destinados a transportar objetos são diversos, sendo que o porta-objetos do apoio de braço dianteiro é refrigerado. Há ainda tomada de 12V no console, duas portas USB na dianteira e uma na traseira. Os passageiros de trás têm à disposição saídas de ar e apoio de braço com dois porta-copos. O piso plano e a inclinação do encosto do banco traseiro contribuem para o conforto.
Primeiras Impressões
Na rua, na chuva, na fazenda
Atibaia/SP – O teste de apresentação da Hunter partiu do bairro paulistano da Vila Leopoldina, em um trajeto de ida e volta até a Fazenda Paraíso Atibaia, totalizando 120 quilômetros. Na fazenda, houve a oportunidade de testar a picape em um circuito off-road, cuja dificuldade foi agravada por um temporal. Nas ruas e estradas, chama a atenção a relação harmoniosa entre o motor 2.0 turbodiesel de 191 cavalos e 46 kgfm e a transmissão ZF de 8 marchas. Com capacidade de adaptação a diferentes tipos de relevo, o conjunto é capaz de detectar a necessidade de uso do freio-motor. Oferece trocas de marchas suaves e entrega uma performance ágil à picape, tanto no trânsito urbano quanto no rodoviário. São quatro modos de condução. O “Normal” busca equilíbrio para o uso cotidiano. O “Eco” reforça a economia de combustível. O “Sport” privilegia o torque e aprimora perceptivelmente o desempenho. Para evitar o destracionamento e moderar a força do propulsor, a opção “Lama” parte da segunda marcha. O nível da assistência de direção pode ser normal ou esportivo e um comando giratório permite selecionar os modos de tração. No modo 2H, a tração é traseira. O 4H usa o 4×4 para dar mais aderência em pisos difíceis, enquanto o 4L é um 4×4 reduzido, para desafios mais radicais. Nas trilhas, a picape mostrou valentia. Os ângulos de entrada (27 graus) e de saída (23 graus), a altura em relação ao solo de 24 centímetros e a capacidade de rampa de 30% ajudam a superar os obstáculos.
A Hunter tem seus atrativos, alguns matematicamente constatáveis. O preço inicial de R$ 239.900 para as primeiras mil unidades vendidas – depois, o valor de tabela é de R$ 259.900 – é competitivo dentro do subsegmento com cabine dupla, câmbio automático e tração 4×4, que concentra a maioria das vendas de picapes médias no Brasil. Fica abaixo das ofertas iniciais das três concorrentes mais vendidas no mercado nacional com configurações similares – Toyota Hilux STD Power Pack AT, por R$ 259.790, Ford Ranger XLS 2.0 4×4 CD AT, por R$ 267.000, e Chevrolet S10 WT Cabine Dupla AT, por R$ 272.790. A garantia da Hunter é de oito anos, sem limite de quilometragem, para uso particular (250 mil quilômetros para uso comercial), a maior para picapes médias oferecidas no Brasil – as concorrentes dão, no máximo, 5 anos. A capacidade de carga da Hunter é de 1.400 quilos – são 1.000 quilos na Hilux STD Power Pack AT, 1.114 quilos na Ranger XLS 2.0 4×4 CD AT e 1.134 quilos na S10 WT Cabine Dupla AT. Contudo, sob forte influência do agronegócio, as análises matemáticas do consumidor brasileiro de picapes médias não se restringem a preço, capacidade de carga e tempo de garantia. Normalmente incluem conceitos mais pragmáticos, como confiabilidade da marca e resistência do produto ao uso pesado no dia a dia. É das respostas dadas a essas duas questões que dependerá o desempenho da Hunter no mercado nacional.
Ficha Técnica
JAC Hunter
Motor: turbodiesel 2.0, quatro cilindros
Câmbio: automático ZF de 8 marchas com função manual sequencial
Tração: traseira, 4×4 ou 4×4 com reduzida, com diferencial blocante elétrico
Potência: 191 cavalos a 3.600 rpm
Torque: 46 kgfm a 1.500 rpm
Carroceria: picape média de cabine dupla com cinco lugares e quatro portas
Dimensões: 5,33 metros de comprimento, 1,96 metro de largura, 1,92 metro de altura, 3,11 metros de entre-eixos
Suspensão: dianteira do tipo multilink e eixo rígido na traseira
Rodas e pneus: liga leve, 265/60 R18
Tanque de combustível: 76 litros
Capacidade de bagagem: 1.400 litros
Peso líquido: 2.050 kg
Preço: R$ 239.900 para as primeiras mil unidades – o preço de tabela é de R$ 259.900
Por DaniLuiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Divulgação
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