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Maior e mais antiga feira de transporte rodoviário do mundo, o Salão de Hanover, o IAA Transportation 2024 – realizado de 17 a 22 de setembro –, evoluiu, acompanhando as tendências da própria indústria automotiva. Dentre os mais de 1.600 expositores, os grandes caminhões continuam como os maiores destaques, mas os fornecedores de tecnologias ganham cada vez mais relevância no evento, embalados pela crescente demanda global de soluções para a crise climática – da qual os caminhões a diesel sempre foram apontados como um dos grandes “vilões”. Não por acaso, todas as grandes empresas mundiais do setor de transporte rodoviário apresentaram na Alemanha suas alternativas para os motores a diesel. Líderes globais em eletrificação automotiva, as marcas chinesas aproveitaram para conquistar uma visibilidade inédita em Hanover.

            O transporte de longa distância é responsável por dois terços das emissões de CO2 no tráfego de caminhões. Contudo, mesmo em um continente composto por várias economias ricas como a Europa, as dificuldades e os custos elevados das implantações das infraestruturas de abastecimento de eletricidade e de hidrogênio ampliaram os prazos de implantação de alguns projetos “verdes”. Conceitos de veículos que, há cinco anos, prometiam que iriam zerar as emissões nas estradas europeias até 2030, até já estão disponíveis – mas, pelos preços mais altos e pelas limitações no suporte de abastecimento, ainda devem ficar por mais tempo restritos aos nichos de mercado mais abastados e ambientalmente mais exigentes.

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            Por conta do “delay” nas infraestruturas para os veículos elétricos e a “cell fuell”, aumentaram as ofertas de motores que utilizam outros combustíveis ecologicamente mais amigáveis em comparação ao diesel para promover a descarbonização. Foram muitas as apresentações de modelos movidos a gás, a biodiesel e a HVO – um óleo vegetal que, diferentemente do biodiesel, não leva oxigênio em sua composição e é um hidrocarboneto puro. De forma mais discreta, os caminhões a diesel – que pareciam estar “com data de validade próxima ao vencimento” nas edições anteriores do evento – aproveitaram o IAA Transportation 2024 para exibir evoluções aerodinâmicas e tecnológicas. Afinal, as demandas reais e imediatas do setor de transporte rodoviário mundial não podem esperar pelo suporte que permitirá as sonhadas “zero emissões”. “O futuro não será só elétrico, mas eclético. Diferentes tecnologias vão competir entre si, propondo diversas soluções de descarbonização até a eletrificação”, explica Christopher Podgorski, CEO da Scania Brasil.

Destaques do Salão de Hanover (IAA Transportation 2024)

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Mercedes-Benz – O novo elétrico a bateria eActros 600 entrará em produção em novembro, em Wörth, na Alemanha, com uma autonomia de até 500 quilômetros sem carregamento intermediário, com 40 toneladas de Peso Bruto Total combinado. Desde que existam instalações de carregamento disponíveis, é possível rodar mais de mil quilômetros por dia. A marca alemã também apresentou a divisão TruckCharge, que reunirá as ofertas da empresa relativas à infraestrutura elétrica e o carregamento de caminhões elétricos. Nos modelos a diesel, o pesado Actros L traz uma aerodinâmica aprimorada.

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Volvo – A marca sueca comemora cem milhões de quilômetros rodados com a frota do FH Eletric em operação no mercado mundial, com 4.200 unidades em operação em 48 países. Mas a principal novidade para Hanover é que a Volvo começará a testar na estrada caminhões equipados com motores a combustão que operam com hidrogênio em 2026. Caminhões movidos a hidrogênio “verde” ao invés de combustíveis fósseis serão adequados para distâncias mais longas e em regiões onde as infraestruturas ou o tempo para recarga de baterias são limitados. Eles complementarão a oferta da Volvo de alternativas, como caminhões elétricos a bateria, com célula de combustível e movidos a combustíveis renováveis, como biogás e HVO. Na linha a diesel, anunciou também uma redução de 5% no consumo no FH 16, com 780 cavalos.

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Scania – A marca sueca chegou ao IAA com a oferta mais abrangente da sua história, incluindo caminhões movidos por biodiesel, biogás ou eletrificados. Um destaque foi um cavalo-motor com a nova motorização elétrica EM C1-4, disponível em pelo menos cinco níveis de potência diferentes (360, 410, 440, 490 e 540 cavalos). O motor servirá para vários modelos do portfólio de caminhões elétricos a bateria da Scania – como o 20R, já comercializado na Europa – e tem o potencial de alimentar uma variedade de aplicações. A capacidade da bateria é de até 728 kW, que permite ao caminhão de 40 toneladas ter um alcance de pelo menos 530 quilómetros. Outra novidade foi um pesado R 460 com um motor que pode usar tanto gás comprimido quanto gás liquefeito.

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Iveco – O pesado elétrico S-eWay Rígido tem uma autonomia de 400 quilômetros, e uma carga rápida pode fornecer 200 quilômetros adicionais em menos de 45 minutos. O novo veículo tem um eixo eletrificado FPT Industrial com potência máxima de 490 kWh, tornando-o ideal para missões urbanas e regionais. A versão rígida amplia a oferta de eletromobilidade pesada da linha S-eWay, que já inclui a configuração articulada. A marca italiana mostrou ainda o caminhão eMoovy. Produzido pela Hyundai e distribuído no mercado europeu pela Iveco, o veículo elétrico a bateria na faixa de 2,5 a 3,5 toneladas para entregas urbanas oferece autonomia de 320 quilômetros.

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Renault – Inspirada na van Estafette de 1959, a marca francesa apresentou seu conceito para utilitários urbanos elétricos. Com comprimento de 4,87 metros e largura de 1,92 metro, o Estafette Concept tem dimensões externas semelhantes às do Kangoo L2 (4,91 x 1,86 metro). A marca francesa apresentou também o furgão movido a célula de combustível a hidrogênio Master H2-Tech Prototype, que promete 700 quilômetros de autonomia e recarga em cinco minutos. Derivado do H2-Tech, furgão “cell fuel” que já roda na Europa desde 2023, o veículo antecipa a futura versão a hidrogênio do Master, que completará as opções elétricas e a combustão já comercializadas.

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Volkswagen – Celebrando 75 anos desde a introdução do T1 (a Kombi original), a geração T7 dos furgões Transporter (focado no “delivery”) e a Caravelle (micro-ônibus) foi a principal novidade da marca alemã. Ambos trazem avanços na eficiência de motores e no espaço interno. Os modelos marcam a ampliação da gama de furgões da Volkswagen, que já inclui o Multivan, o California Camper e os elétricos ID. Buzz e ID. Buzz Cargo. Os modelos T7 têm opções a diesel, híbridos plug-in e totalmente elétricas.

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BYD – Líder global na produção de veículos elétricos, a marca chinesa revelou a nova E-Vali, uma van elétrica feita sob medida para regiões com ruas apertadas. O utilitário tem opções de 3,5 e 4,25 toneladas para atender entregas urbanas. O novo modelo usa bateria Blade com 80,64 kWh e conta com recursos de assistência à direção. A van permite uma carga útil de até 1.450 quilos e uma autonomia de até 250 quilômetros. Visualmente, a BYD E-Vali tem estilo futurista, com faróis afilados acoplados na grande frontal. O interior ostenta uma ampla tela de multimídia giratória, similar à dos carros de passeio da marca.

Por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix (com colaboração do grupo Carbono Zero) – Fotos: Divulgação

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