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Como a pauta de sustentabilidade ambiental no transporte de cargas está em alta, alternativas menos poluentes estão no foco das empresas do setor. Este ano, todas as marcas que comercializam caminhões no Brasil estrearam novas motorizações a diesel no padrão Euro 6, com menos emissões, que tornaram-se obrigatórias no país desde janeiro. Além disso, alguns fabricantes anunciam investimentos nos caminhões elétricos, enquanto outros apostam nos veículos movidos a gás. É o caso da sueca Scania, que desde 2019 comercializa caminhões a gás “made in Brazil” – produzidos na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. “Cada vez mais temos a certeza de que tomamos a decisão correta ao investir no gás como alternativa viável ao diesel para a realidade do mercado brasileiro na transição até o elétrico, como tem sido na Europa”, explica Alex Nucci, diretor de Vendas de Soluções de Transporte da Scania Brasil. O executivo paulistano tem 45 anos e é graduado em Administração de Empresas, pós-graduado em Marketing e diplomado com MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios pela Fundação Getúlio Vargas. Entrou na Scania em junho de 2004 como gerente de Vendas de Caminhões e, após cinco anos de experiência à frente da equipe comercial do Scania Banco, chegou à atual diretoria, em 2021.

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P) Nos últimos anos, a Scania investiu na produção local de caminhões a gás. Como está o desenvolvimento da estrutura de abastecimento?

Alex Nucci – A Scania tem feito um trabalho fantástico com a cadeia de fornecimento do gás natural comprimido, do gás liquefeito e do biometano. Estamos construindo uma parceria muito robusta com os grandes produtores e os grandes distribuidores fazendo e desenvolvendo os chamados “corredores azuis”, com os postos tendo o combustível para os caminhões. Vale reforçar que é preciso um desenvolvimento para que os postos tenham o bico de alta vazão para agilizar o abastecimento e que ele seja na mesma velocidade do veículo a diesel. Atualmente, pegando a costa brasileira nas principais capitais, já ligamos o Rio Grande do Sul ao Espírito Santo, com os postos na rota. Ainda há uma área de sombra, que está em desenvolvimento, entre o Espírito Santo e a Bahia. Mas, da Bahia até o Rio Grande do Norte, também já está coberto. A região que estamos começando a avançar agora é a Centro-Oeste. Em fevereiro, entregamos o primeiro caminhão a gás para o primeiro cliente da região, a Transportadora Fribon, de Rondonópolis (MT). A empresa atua no agronegócio e está conhecendo o veículo em sua operação real. A atual demanda gera uma expectativa positiva para os próximos anos.

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P) E como andam as vendas dos caminhões a gás da Scania no Brasil?

Alex Nucci – Já chegamos a mais de 600 unidades vendidas, desde o início da abertura de vendas, na Fenatran de 2019. As entregas se iniciaram em maio de 2020. Expandiremos o portfólio de veículos a gás nos próximos meses, abrangendo também nossos modelos semipesados. Imaginamos ser possível ter de 10% a 15% da produção anual de caminhões a gás a partir de 2024 ou 2025. Principalmente, se as iniciativas na cadeia do biometano avançarem. Dos produtos vendidos, 85% estão sendo usados na transferência de carga industrializada com produtos de higiene, limpeza, bebidas e alimentos como os principais. Já estamos enxergando interesse ainda para o transporte de aço e, nos últimos meses, de defensivos agrícolas. Dos 600, em termos de divisão de compras, 60% foi para o Sudeste, 35% para a Região Sul e 5%, no Nordeste. Para 2023, temos uma expectativa de vender outras 600 unidades e chegar a um volume total de 1.200 unidades, na somatória desde 2019. Em 2024, teremos uma novidade para o mercado brasileiro – a motorização a gás de 460 cavalos, que apresentamos globalmente na IAA 2022. Aí, teremos uma gama completa.

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P) Da linha com as novas motorizações a diesel padrão Euro 6, quais são as apostas da Scania?

Alex Nucci – O portfólio de semipesados ganhou reforço. Na linha Euro 6, os destaques serão o P 280 6×2 e o P 320 8×2, que terão até 2% de economia de combustível sobre a linha Euro 5. O P 360 8×2, que embora seja classificado como pesado, também fortalece o portfólio de veículos sobre chassis e continua sendo mais uma opção. Queremos reforçar nossa atuação nos segmentos de médias distâncias nas aplicações de carga geral, sider, baú e combustível. Por outro lado, passamos a dar os primeiros passos rumo a uma futura gama estendida de modelos semipesados movidos a gás. Na faixa de entrada dos pesados, o estreante P 370 4×2, de 370 cavalos de potência e motor de 13,0 litros, atende a clientes que precisam levar cargas leves de até 41,5 toneladas, em médias e longas distâncias, com carretas de dois ou três eixos na transferência de cargas em geral, contêiner, cegonha e combustível. Suas vantagens são o propulsor de alto torque em baixas rotações, baixo consumo, maior velocidade média e conforto, ergonomia e segurança. Na gama Super, devem brilhar os caminhões R 460 6×2, R 500 6×2 e R 560 6×4. No agronegócio, os modelos Super 460 e 560 cavalos serão os destaques. Na carreta de nove eixos, tração 6×4, o 560 cavalos será o protagonista. Ele é o mais potente do mercado nessa configuração, com o maior torque da categoria e chega ainda mais econômico (8%) do que a geração Euro 5. 

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P) Os caminhões Euro 6 acabaram ficando mais caros. A elevação dos preços pode atrapalhar as vendas? 

Alex Nucci – Em toda a mudança de tecnologia, não há como evitar o aumento do preço, pois os investimentos são muito altos. Depende do modelo, da configuração e da região de atuação, mas a variação média sobre o preço anterior gira em 18%. A elevação de preço sempre gera um desconforto por alguns meses, mas depois os clientes vão comprovando as vantagens da nova geração e tirando mais rentabilidade e disponibilidade da frota.

P) Além das motorizações mais econômicas e menos poluentes, que outras evoluções tecnológicas vieram junto com a linha Euro 6 da Scania?

Alex Nucci – A gama Super dispõe de série, para todas as versões, do novo freio de liberação de compressão CRB (do inglês Compression Release Brake), que garante melhor desempenho de frenagem auxiliar do propulsor (capacidade de 350 kW) e não necessita de manutenção. O freio hidráulico auxiliar Scania Retarder permanece opcional. Além disso, o motor Super oferece desempenho superior devido ao comando duplo no cabeçote e ao Scania Twin SCR, um sistema de injeção dupla de AdBlue (Arla 32), que ajuda a aumentar a eficiência do processo de pós-tratamento. A gama Super também é equipada com as novas caixas de transmissão automatizada Opticruise de nova geração. 

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P) Quais são as expectativas da Scania para o mercado brasileiro de caminhões em 2023?

Alex Nucci – Seguimos as projeções da Anfavea, que anunciou neste início de ano uma possível queda de 11% no mercado total de caminhões em comparação com 2022. A retração seria justificada especialmente pela nova tecnologia de emissões, que gerou um aumento de preços sobre a linha Euro 5, pela alta taxa de juros Selic e pela dificuldade de obtenção de crédito. Mas estamos acompanhando os movimentos do Governo Federal e acreditamos que a Selic poderá ter uma redução na taxa para o último trimestre do ano. O dólar pode permanecer estável, o que ajuda o mercado. O agronegócio com certeza será o grande puxador de vendas, mais uma vez, com mais uma produção forte e maior em comparação a de 2022. Na Scania, representa em média 44% do que vendemos. O segmento de minério deve recuperar o que não agregou em 2022, com a abertura da China. A Scania pretende retomar sua participação de mercado na categoria de caminhões pesados a partir de 2023. 

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Por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Divulgação

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