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Não é todo o dia que uma fabricante de automóveis propõe algo tão ousado. A Citroën apresentou o carro-conceito Oli (“all e”, do inglês, com o “e” tendo som de “i” no português), para, segundo as palavras da mais antiga montadora do mundo, “contrariar as tendências do setor focadas em veículos familiares mais pesados, complexos e caros”. Com base no também inovador Ami, o Oli é um veículo multiuso que pretende ter um jeito atraente para tornar a mobilidade elétrica mais alegre, acessível e responsável. O carro-conceito, que a Citroën planeja ser o “pontapé inicial” para seus veículos na próxima década, usa materiais reciclados e recicláveis na construção de sua estrutura, com preço baixo e uma longa vida útil – pois, de acordo com a fabricante francesa, estará sempre se renovando. O Oli tem mil quilos de peso, autonomia de quatrocentos quilômetros, velocidade final de apenas 110 km/h, para garantir uma eficiência máxima e consumo de 10kWh por cem quilômetros rodados, e recarga de 20% a 80% em 20 minutos. Para todas as questões envolvendo o seu audacioso Oli, a Citroën tem uma resposta pronta. Todas, diga-se, bem estruturadas e plausíveis.

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Um típico carro familiar dos anos 70 pesava cerca de 800 quilos e media 3,7 metros de comprimento. Os veículos equivalentes atuais pesam mais de 1.200 quilos e têm pelo menos 4,3 metros. Parte disso se deve às exigências legais e aos requisitos de segurança. “A Citroën acredita que eletrificação nunca deve significar extorsão e que a consciência ecológica não deve ser punitiva, restringindo nossa mobilidade. Precisamos inverter essas tendências, tornando os veículos mais leves e mais baratos e encontrando maneiras inventivas de maximizar sua utilização”, desafia Vincent Cobée, CEO da Citroën. Embora o capô, o porta-malas e o teto de um carro tradicional possam parecer bons “andaimes” para ajudar nas tarefas domésticas, são poucos os veículos pensados para ter a força e a capacidade necessárias para isso. No Oli, o capô plano, o teto e os painéis do piso da caçamba foram escolhidos em função de baixar o peso, ter alta resistência e durabilidade. Feitos de papelão ondulado reciclado, formam uma estrutura alveolar entre painéis de reforço com fibra de vidro, desenvolvidos em parceria com a Basf. São revestidos de resina de poliuretano e recobertos por uma camada protetora resistente e texturizada. Embora suporte o peso de um adulto, o teto do Oli é 50% mais leve em comparação a um feito em aço. Sua versatilidade e durabilidade abrem uma série de possibilidades para serem usados no trabalho e lazer. A possibilidade de ser um carro de transporte de carga também foi preservada no Oli, com barras posicionadas de ambos os lados do painel de teto, nas quais podem ser fixadas bicicletas e bagagem para as férias familiares, enquanto sob o capô há espaços de armazenamento, incluindo compartimentos para cabos de carga e itens pessoais e de emergência, além da praticidade de uma espécie de caçamba de picape comum.

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A engenharia da Citroën optou pelo contraste entre elementos horizontais e verticais. O Oli tem postura e silhueta anticonvencionais, com dimensões semelhantes a de um SUV compacto, com 4,2 metros de comprimento, 1,9 metro de largura e 1,65 metro de altura. “O procedimento usual seria optar por linhas dinâmicas, mas estamos buscando eficiência na linguagem das formas. Não temos receio de mostrar como o veículo é montado, por isso, estruturas, parafusos e dobradiças ficam aparentes”, revela Pierre Leclercq, diretor de Design da Citroën. Conforme a marca francesa, o para-brisa do Oli é totalmente vertical para ter menos quantidade de vidro, além de ter um menor custo de produção e de substituição. “Pode-se argumentar que um para-brisa vertical é menos aerodinâmico, mas um veículo desse tipo não é projetado para ser conduzido a 200 km/h. Também por isso, limitamos a velocidade máxima dele a 110 km/h”, explica Leclercq. O contraste entre horizontal e vertical no Oli fica evidente na concepção dos painéis laterais e dos vidros. As portas dianteiras são mais leves, resistentes e fáceis de se fabricar e de se montar. As amplas janelas horizontais dianteiras inclinam-se ligeiramente em direção ao solo para ajudar a reduzir os efeitos do sol. As traseiras, mais estreitas, usam vidros verticais para proporcionar mais luminosidade e visibilidade.

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Quisemos utilizar apenas a quantidade de materiais realmente necessária. Para isso, focamos no objetivo de colocar os recursos corretos onde são essenciais, antecipa Laurence Hansen, diretora de Produto e Estratégia da Citroën. Os bancos têm uma estrutura simples e com 80% menos de peças do que um assento convencional. Feitos com materiais reciclados, eles têm encostos em tela, realçando a luz natural no interior do veículo. “Decidimos projetar o Oli com o máximo de espaço e luminosidade e a menor infraestrutura possível. Buscamos inspiração no design de outros produtos, como um smartphone. Afinal de contas, de quantos botões, mostradores e telas o cliente realmente precisa?”, pergunta Leclercq. Para isso, a engenharia da Citroën decidiu deixar toda a área frontal do painel, de ponta a ponta atrás do volante, para a acomodação do próprio smartphone do cliente em vez de uma multimídia, tendo as extremidades ocupadas por caixas de som destacáveis. Assim, a família pode carregar todos os sistema de entretenimento do Oli para o acampamento.

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O Oli pode se encaixar ao sistema ecológico estabelecendo uma ligação entre os painéis solares residenciais e as necessidades de energia elétrica de um consumidor em movimento ou em casa. Com o sistema inteligente V2G (Vehicle to Grid), o Oli tem o potencial de armazenar a energia excedente dos painéis solares e vendê-la para a rede municipal e ajudar a gerenciar problemas de abastecimento, como no caso de um pico de demanda ou de falta de energia na rede. “O Oli se mostra também como um veículo pode servir de ‘casa longe de casa’, graças à função V2L (Vehicle to Load). Com sua bateria de 40kWh e uma potência de tomada de 3,6kW (equivalente a uma tomada doméstica de 230V), o Oli pode abastecer um dispositivo de três mil watts por cerca de 12 horas”, sustenta Anne Laliron, diretora de Produtos Avançados e Soluções de Mobilidade da Citroën. 

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Por Daniel Dias/AutoMotrix – Fotos: Divulgação

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