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No setor automotivo, o transporte coletivo de passageiros foi o segmento mais prejudicado pela Covid-19. A pandemia que chegou com força ao Brasil em março de 2020, além desorganizar a cadeia produtiva e interromper temporariamente as atividades em várias fábricas de chassis e encarroçadoras, prejudicou pela redução do volume de passageiros, gerada pelas recomendações sanitárias de isolamento social. Atualmente as restrições por conta da pandemia são menores, mas os preços dos insumos subiram e ainda faltam componentes, notadamente os semicondutores. Apesar dos problemas, o mercado de ônibus apresentou recuperação no primeiro semestre deste ano, registrando crescimento de 29% na produção de chassis, com 13.331 unidades, ante as 10.324 no mesmo período de 2021, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Agora, o setor se prepara para as mudanças causadas pelas exigências da fase P8 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), equivalente à norma europeia Euro 6, que reduzirão os limites de emissões de poluentes para os veículos fabricados a partir de 2023. Foi nesse contexto que aconteceu a Lat.Bus & Transpúblico 2022, feira latino-americana do transporte coletivo aberta de 9 a 11 de agosto no São Paulo Expo. O evento da capital paulista, que ocorreu juntamente com a trigésima quinta edição do Seminário Nacional NTU (associação das empresas de transportes urbanos), tornou-se um palco para a apresentação de soluções de propulsão como os motores elétricos e movidos a gás e a biodiesel, ao lado das novas gerações de motores movidos a diesel, de alta eficiência energética. 

Destaques da Lat.Bus & Transpúblico 2022

Mercedes-Benz

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No estande da marca alemã, que lidera o mercado brasileiro de chassis de ônibus há 65 anos e atualmente responde por mais de 50% dos emplacamentos do setor, a principal atração foi o chassi elétrico urbano eO500U, já em produção na fábrica de São Bernardo do Campo/SP – também estava disponível em um modelo encarroçado para test-drive na área externa do São Paulo Expo. Como a tecnologia de ônibus elétricos ainda é para poucos – os veículos recarregáveis em tomadas são muito mais caros que os movidos a diesel e as estruturas para recarga ainda são incipientes no Brasil –, a Mercedes-Benz apresentou também a nova linha de chassis de ônibus com tecnologia BlueTec 6 para atendimento à nova legislação de emissões Proconve P8. As novas versões de motores a diesel OM 924 LA, OM 926 LA e OM 460 LA Euro 6 têm a proposta de emitir menos 80% de óxidos de nitrogênio e menos 50% de material particulado em relação à norma Euro 5, vigente até o fim do ano. Na área externa, a marca da estrela de três pontas disponibilizou testes do O 500 RSDD com sistema de frenagem de emergência ABA5 e do assistente de ponto cego SGA. 

Volkswagen

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Vice-líder no setor de chassis de ônibus no Brasil, a Volkswagen Caminhões e Ônibus aproveitou o evento para apresentar os novos Volksbus 11.180 S e 17.230 S, ambos com suspensão a ar, sucessores dos modelos mais vendidos da marca. São os primeiros integrantes da nova família de ônibus que atendem às normas de emissão de poluentes do Proconve P-8 e foram desenvolvidos para entregar o melhor custo total da operação do cliente (TCO). Ao mesmo tempo, a marca alemã com fábrica na cidade fluminense de Resende acelera suas vendas com negócios recentemente fechados, que somam cerca de 3 mil unidades distribuídas por todo o país e serem entregues até o primeiro trimestre de 2023 – cerca de 75% fazem parte do programa governamental Caminhos da Escola. Nos outros segmentos, um destaque de vendas é o novo Volksbus 22.280 ODS, com carrocerias de até 15 metros de comprimento, que ocupará em breve corredores BRT em algumas grandes metrópoles brasileiras, que anteriormente operavam com ônibus articulados. 

Volvo

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A Volvo lançou na Lat.Bus o chassi rodoviário B510R, que faz parte de uma linha recentemente apresentada na Europa. Os novos motores de 13 litros com emissões nível Euro 6 têm a tecnologia Common Rail, que obtem maior pressão de injeção de combustível para a queima para gerar maior eficiência energética. O freio-motor VEB (Volvo Engine Brake) tem agora 510 cavalos, 30% a mais em relação à versão anterior. Tecnologias como o Sistema de Segurança Ativa (SSA), Programa Eletrônico de Estabilidade (ESP) e freios a disco com sistema de controle eletrônico EBS de quinta geração continuam presentes na nova linha. O motor e a caixa de câmbio são os mesmos que equipam o extrapesado FH, o caminhão o mais vendido do mercado brasileiro entre todas as categorias. A transmissão dos novos chassis é a I-Shift, que em sua sétima geração permite trocas de marchas mais rápidas e suaves. “O conjunto de inovações faz com que os novos chassis pesados Volvo Euro 6 sejam até 9% mais econômicos dos que seus antecessores, dependendo da topografia e rota”, assegura Paulo Arabian, diretor Comercial de Ônibus Volvo no Brasil. A marca apresentou ainda o chassi urbano 100% elétrico BZL produzido na Europa, que não deverá ser comercializado no Brasil. A proposta é desenvolver um chassi elétrico especificamente para o mercado regional na fábrica de Curitiba (PR).

Scania

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A Scania apresentou sua Nova Geração de ônibus, que estreou há três anos na Europa e contempla os modelos da Série K. com motor traseiro. “Os novos modelos proporcionarão até 8% de economia de combustível em ônibus rodoviários – sendo 7% do motor XPI Euro 6 e 1% da caixa automatizada Scania Opticruise –, e de até 10% nos urbanos, sendo 7% do motor XPI Euro 6 e 3% da caixa automática ZF EcoLife 2. Além de baixos níveis de emissões e de ruídos”, comemora Celso Mendonça, gerente de Vendas de Soluções de Mobilidade da Scania no Brasil. Produzidos na cidade paulista de São Bernardo do Campo, os ônibus da Série K trazem motores com sistema de injeção múltipla XPI e “lay shaft brake” (troca de marchas 45% mais rápidas), evolução do sistema de segurança ADAS e novos sensores (alertas de ponto cego e de pedestres), atualizações das caixas de câmbio Scania Opticruise (rodoviários) e ZF EcoLife 2 (urbanos), chassi mais leve, novo eixo traseiro direcional do urbano de 15 metros com sistema eletro-hidráulico, rodoviário 8×2 com 500 cavalos e aprimoramentos no painel, volante e pedais. As motorizações dos chassis, que podem ser abastecidas com diesel, HVO ou biodiesel, são de 9 e 13 litros, de cinco e seis cilindros, com novas potências de 320, 370, 410, 450 e 500 cavalos (rodoviários) e de 280 e 320 cavalos (urbanos). Também há as opções com motores movidos a gás natural e/ou biometano de 280 cavalos e agora de 340 cavalos. 

Iveco

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A Iveco destacou em seu estande o ônibus elétrico E-Way, trazido da Itália, e o chassi 17-210 G movido a GNV, que começará a ser produzido na fábrica de Sete Lagoas/MG. “A partir de 2023, teremos uma linha completa Euro 6, com as novas versões da Daily Minibus 45-160 e 50-180, e dois modelos que já integram grandes frotas, chassis 10-190 e 17-280, que ganharão novos componentes. Novidades como o chassi 17-210 G movido a GNV, o ônibus urbano 100% elétrico E-Way e a plataforma de gestão de frotas Nexpro Connect indicam bem onde pretendemos chegar no mercado brasileiro e latino-americano”, explica Danilo Fetzner, diretor da Iveco Bus para a América Latina. Depois de trazer ao Brasil o motor FPT Cursor 13 a gás natural, a marca apresentou na Lat.Bus 2022 o motor FPT N60 CNG, alimentado 100% por GNV, GNL ou biometano. Com a tecnologia de injeção MPI – Multipoint e combustão estequiométrica, de acordo com dados da fabricante, o novo motor entrega economia de combustível de até 40% frente ao diesel e níveis de ruído inferiores.

Marcopolo

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A gaúcha Marcopolo, líder nacional na produção de carrocerias de ônibus com atuais 53,5% de participação de mercado, iniciará ainda em agosto a produção em série do Attivi, o primeiro ônibus da marca com chassi próprio e 100% elétrico. Até o final deste ano, serão produzidas 30 unidades, que contam com distintas configurações para atender às demandas de diferentes regiões. O projeto de eletromobilidade da Marcopolo prevê o desenvolvimento de uma solução completa de mobilidade urbana sustentável, com plano de serviços, atendimento pós-vendas e peças de reposição, inclusive para o sistema de recarga e manutenção das baterias. Além disso, será oferecido ao mercado ferramentas de telemetria, diagnose remota e gestão da energia de recarregamento, com foco na entrega do melhor custo total de propriedade. A Marcopolo comemora ainda um ano do lançamento da Geração 8 de ônibus rodoviários, que nos últimos 12 meses representou quase 30% das vendas da marca, com mais de mil unidades vendidas para clientes no Brasil e nos principais mercados da América Latina.

Por  Luiz Humberto Monteiro Pereira / AutoMotrix – Fotos: Divulgação

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