Os carros elétricos ou híbridos – que funcionam com um motor a combustão somado a um ou mais elétrico – existem desde o começo da indústria automotiva mundial, pois a energia elétrica já era utilizada antes do surgimento dos primeiros motores térmicos. O desenvolvimento da indústria automotiva transformou a Terra – porém, a fumaça emitida pelos canos de descarga acabou transformando o motor movido a combustível fóssil numa espécie de “vilão ambiental”. Para ajudar a combater os efeitos nocivos da poluição, em sete anos, a Inglaterra e a França, ao lado de outras nações europeias, proibirão a produção de veículos movido à energia térmica e mesmo os híbridos. Permanecerão nas linhas de montagem apenas os 100% elétricos ou empurrados pelas chamadas células de combustível, especialmente as de hidrogênio, tudo com emissão zero. Contudo, atualmente, os carros “verdes” representam somente seis por cento da produção na Europa. Na “entressafra” para a ponte dos carros “ecologicamente amigáveis”, os híbridos são a solução mais viável. Já em relação às células de combustível, o representante mais famoso é o sedã Toyota Mirai, mas atualmente a tecnologia está sendo mais desenvolvida na indústria automotiva para os caminhões de longas distâncias.
No Brasil, os automóveis elétricos estão engatinhando, mas o crescimento é acelerado. Conforme a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o ranking dos elétricos no primeiro semestre deste ano no país mostra a liderança do Volvo XC40, com 629 unidades vendidas de janeiro a junho, seguido pelo Volvo C40 (370), pelo JAC E-JS1 (317), pelo Mini Cooper SE (217), pelo Nissan Leaf (208), pelo Renault Zoe e pelo Fiat 500e, ambos com 191 exemplares cada, pelo Porsche Taycan (147), pelo JAC E-JS4 (114) e pelo Audi e-Tron (105). Entre os vários tipos de híbridos, a Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa) revela que os Toyota Corolla Cross e Corolla sedã ficaram na frente no primeiro semestre, com 5.240 e 2.329 vendas, respectivamente. Eles foram acompanhados pelo Volvo XC60 plug-in (638), pelo BMW X5 xDrive plug-in (351), pelo Kia Stonic (331), pelo Land Rover Discovery D200 (314), pelo Mercedes-AMG C200 (274), pelo Range Rover plug-in (263), pelo BMW X3 xDrive 30E (248) e pelo Volvo XC90 (209).
Os diferentes caminhos da eletrificação automotiva
Os elétricos
EV (Electric Vehicle) ou Carro Elétrico – Usa eletricidade para seu funcionamento, podendo ter um conjunto de motores, nos quais utiliza energia química de baterias recarregáveis que podem ser “repostas” em tomadas normais ou específicas conforme a corrente oferecida. Se um elétrico tem um motor acoplado a cada eixo do carro, diz-se que ele tem tração integral. O veículo elétrico não tem nenhum tipo de propulsão a combustão, não gerando poluição ambiental. O motor elétrico é mais silencioso, tendo apenas um pequeno zumbido de ruído. Devido ao funcionamento simples, o propulsor elétrico dispensa uma caixa de câmbio com relações de marcha entre o giro do motor e das rodas. Por isso, os elétricos mais simples têm apenas duas marchas: a para frente e a ré. Alguns modelos mais esportivos, como o Porsche Taycan, têm duas marchas à frente, sendo uma reduzida e outra longa, para favorecer o desempenho em arrancadas. A maior parte dos elétricos utiliza ainda a frenagem regenerativa para carregar a bateria. O maior “inimigo” do carro 100% elétrico é seu alto preço, principalmente no Brasil, onde não há incentivos do Governo para a compra do veículo. Outras preocupações recorrentes são a autonomia e os locais para recarregamento. Exemplos: Volvo XC40 Recharge e Nissan Leaf.
Os híbridos
HEV (Hybrid Electric Vehicle) ou Carro Híbrido – É mais versátil que o carro puramente elétrico, pois combina um motor a combustão com um ou mais motores elétricos, tendo, por isso, bastante autonomia. Os motores a combustão dos HEVs são movidos a gasolina ou flex (etanol ou gasolina). O motor a combustão impulsiona o carro e transfere parte da energia gerada para as baterias, fazendo a recarga. A energia de frenagem também ajuda a carregar as baterias. E o motor elétrico pode ser usado juntamente ao térmico, para aprimorar a eficiência do veículo e intensificar o torque ou para movimentá-lo em modo puramente elétrico, em curtas distâncias e baixa velocidade. Exemplos: Toyota Corolla Cross XRV e XRX e Honda Accord E.
PHEV (Plug-in Hybrid Electric Vehicle) ou Carro Híbrido Recarregável – Similar ao HEV. Difere-se especialmente porque pode ser abastecido com gasolina ou etanol e também pode ter suas baterias carregadas diretamente em uma tomada elétrica. Os dois ou mais motores também podem ser usados em conjunto, para uma movimentação mais eficiente. Fica à escolha do motorista conduzir o PHEV no modo “EV”, totalmente elétrico, ou combiná-lo no modo “Híbrido”. Exemplos: Jeep Compass 4XE e Volvo XC60 Recharge.
MHEV (Mild Hybrid Electric Vehicle) ou Carro Híbrido Leve – Funciona como um híbrido padrão, tendo um gerador auxiliar de 48V. Tem foco na redução de consumo e emissões, sem decepcionar no desempenho. Em baixas velocidades, o propulsor térmico é desativado. Na retomada da aceleração, são fornecidos aproximadamente 20 cavalos do armazenamento da bateria. É um híbrido planejado para a economia, pois o sistema reduz de 6% a 10% do consumo. No desempenho, o gerador fornece de 15 a 20 cavalos de potência em altas rotações para ajudar o motor a combustão. Exemplos: Kia Stonic e Range Rover Evoque.
E-Power– A Nissan patenteou uma tecnologia híbrida em que o motor elétrico comanda sozinho a tração do carro, enquanto o propulsor a combustão é um coadjuvante, ao contrário dos demais híbridos. A marca japonesa colocará a tecnologia E-Power no Kicks Hybrid, prometido inicialmente para o mercado mexicano. O sistema é composto por um motor principal, elétrico, que impulsiona o carro. Já o propulsor a gasolina é utilizado apenas para gerar energia para alimentar a bateria do motor elétrico. Exemplo: Nissan Kicks Hybrid.
FCEV (Fuel Cell Electric Vehicles) ou Carro com Célula de Combustível – Não precisam de um grupo de baterias robusto para seu funcionamento. Uma célula de combustível é uma célula eletroquímica que converte energia potencial de um combustível em eletricidade através de uma reação eletroquímica. Os únicos resíduos da reação são água e calor. Assim como um carro com motor a combustão, o FCEV tem um tanque para seu fornecimento, sendo abastecido com hidrogênio líquido pressurizado, combinado ao ar para gerar eletricidade. Atualmente, a tecnologia de célula de combustível está sendo mais desenvolvida em caminhões para longas distâncias, especialmente por marcas como Volvo, Mercedes-Benz e Hyundai. Exemplos: Toyota Mirai.
Por Daniel Dias/AutoMotrix – Fotos: Divulgação
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