“A melhor maneira de enfrentar uma inundação é parar o carro em um local seguro e esperar a água baixar”, costuma ensinar o experiente piloto gaúcho Jorge Fleck, 67 anos, bicampeão da Fórmula-Truck, em 1999 e 2000, e um dos vencedores do Rali Volta da América, em 1978. Mas quando não for possível seguir o sábio ensinamento e o motorista tiver de enfrentar o “rio” a sua frente, é bom ter algumas “cartas na manga”. Dirigir em áreas alagadas exige prática e conhecimento não somente das normas de trânsito como também das condições do veículo, das vias e dos arredores, bem como das técnicas de direção defensiva. A chegada do verão é sempre uma alegria para os brasileiros. Sol, dias mais longos e clima quente agradam de norte a sul do país. No entanto, os temporais também fazem parte da estação mais quente do ano e, muitas vezes, surpreendem os motoristas, causando prejuízos com as enchentes.
Os alagamentos podem danificar desde o sistema elétrico do automóvel até o motor ou mesmo causar a perda total do carro. Um dos grandes motivos de pânico para quem atravessa inundações dirigindo é o famoso calço hidráulico, que ocorre quando a água entra pelo cano de descarga e “inunda” o motor do veículo, causando empenamento de componentes internos. “Contar com a cobertura de danos causados pelas enchentes é fundamental, principalmente nesta época do ano em que os motoristas são pegos de surpresa pelas chuvas de verão e, muitas vezes, não sabem como lidar com a situação. Nesse caso, é recomendado que o motorista tenha cautela e tome decisões prudentes, evitando se arriscar com o veículo no meio do alagamento. Essa é uma medida que visa a preservar tanto o bem quanto o próprio dono do veículo”, explica Frank Nelson Ohi, diretor de Sinistro da seguradora HDI. É importante ter-se em mente a melhor decisão a se tomar quando “aparece” de surpresa uma via alagada pela frente. Para que o motorista possa trafegar com segurança nessas situações, os especialistas recomendam alguns procedimentos básicos.
Para atravessar o alagamento
A travessia de um local alagado deve ser feita lentamente, em primeira ou segunda marcha, mantendo uma boa distância do carro à frente. Manter a velocidade e a aceleração constantes evitam a formação de ondas e a entrada de água pelo escapamento do veículo.
Limite da altura da água
O ideal é que o volume de água no local não passe da metade da altura da roda do carro. Se esse limite for ultrapassado, o risco de o motorista ficar pelo caminho aumenta consideravelmente. A exceção é se o veículo tiver o acessório snorkel, bastante conhecido dos praticantes de off-road, que eleva a saída do escapamento justamente para evitar a “invasão” da água no motor.
Inundações repentinas
Se a chuva continuar forte e o condutor perceber que o nível de água está subindo rapidamente, o indicado é abandonar o veículo no lugar mais elevado e seguro possível e procurar ajuda. É importante lembrar que se a água chegar à altura da janela do carro, a abertura da porta pode se tornar impossível.
Cuidado com as derrapagens
No período de chuvas ou nos locais com asfalto molhado, o risco de aquaplanagem (quando uma lâmina de água impede o contato dos pneus com a pista) é grande. Por isso, é bom manter uma distância maior do carro à frente para poder ter mais tempo e espaço para contornar essa situação de risco.
Desligar aparelhos aumenta a força
O motor do veículo pode precisar aumentar seu esforço para vencer a resistência da água. Nesse caso, é recomendado ao motorista desligar o rádio, o ar-condicionado, a luz interna e tudo o que não for estritamente necessário para a segurança na travessia.
Revisão após a enchente
Mesmo não aparentando ter sofrido danos, é importante que o veículo passe por uma revisão completa logo após ter atravessado um trecho alagado. Dificilmente um veículo sai totalmente “ileso” de um alagamento, e os problemas causados pela água podem se tornar perceptíveis somente tempos depois.
Por Daniel Dias/AutoMotrix – Fotos: Divulgação
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