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Dois dias após anunciar um acordo de parceria tecnológica com a General Motors, a Nikola Corporation teve a sua parceria com a gigante norte-americana “carimbada” com uma auditoria feita pela Hindenburg Research. A empresa norte-americana especializada em pesquisa financeira forense publicou um extenso dossiê no qual afirma que a startup fundada por Trevor Milton em 2015 é uma fraude. Entre outras acusações, a Hindenburg questiona o fato de que a Nikola desenvolveu uma estratégia comercial em torno de uma bateria revolucionária que nunca foi apresentada ou comprovada publicamente. Para a Hindelburg, uma prova de que a tecnologia da tal bateria não existe é que, na parceria com a GM para a construção da picape Badger, a Nikola “usará toda a tecnologia da fabricante de Detroit e não a sua”.

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Outra denúncia da auditoria é sobre um vídeo de demonstração em que a startup mostra um caminhão em ação, com o título de “Nikola One in Motion”. De acordo com depoimentos de um ex-empregado da Nikola, a Hindenburg apurou que o caminhão que aparece em cena foi guinchado até o topo de uma colina para ser filmado na descida, se movendo apenas pelo efeito da gravidade. A Nikola rebateu as acusações, respondendo que “a Hindenburg publicou informações enganosas e acusações obscenas dirigidas ao nosso fundador e presidente-executivo”. Em postagem em sua rede social, Milton chamou as acusações de “falsas e enganosas” e acrescentou que “por conselho do meu advogado, não comentarei mais nada no momento”. Na tréplica da Hindelburg, um argumento chama a atenção: “a Nikola não respondeu a cinquenta e três perguntas que fizemos em nosso relatório”.

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A Hindenburg não usa meias palavras no dossiê ao reafirmar suas desconfianças contra a tecnologia alardeada pela startup. “Além de usar a tecnologia de bateria da GM, a Nikola utilizará a produção e a célula de combustível da fabricante de Detroit. A startup parece não aportar nada nessa parceria, exceto designs de conceito, sua marca e até US$ 700 milhões, que ela deve pagar à GM pelos custos de produção”, pondera um trecho do documento da auditoria. O dossiê questiona ainda o fato de Trevor ter indicado seu irmão Travis ao cargo de diretor de Produção de Hidrogênio e Infraestrutura sem que Travis tenha as qualificações para a posição. “A experiência de Travis parece se resumir a trabalhos terceirizados de reformas em casas no Havaí”, informa a Hindenburg. Travis não ficou calado diante das acusações contra ele. “Os covardes fogem, os líderes ficam e lutam por sua integridade. A Hindenburg está apenas fazendo com que as pessoas nos amem mais ao tentar nos destruir”, postou o empresário em seu perfil no Twitter.

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 Segundo especialistas do setor de transporte elétrico, os veículos movidos a células de hidrogênio têm pontos positivos e negativos. No lado bom, a recarga da bateria é mais rápida, tornando a operação dos veículos de transporte mais ágil, pois não há desperdício de tempo para a recarga. Em segundo, a autonomia da célula de hidrogênio é maior. Entretanto, o foco da Nikola nessas células torna o processo mais caro e complexo. Ao contrário das estações de carga tradicionais, no reabastecimento dos modelos da Nikola haverá a necessidade de se produzir hidrogênio por meio do caro processo de eletrólise. Conforme a auditoria da Hindenburg, sua apuração contra a Nikola foi feita reunindo várias mentiras ditas ao longo da carreira de Trevor Milton, que assinou ainda parcerias com algumas das maiores empresas automotivas do mundo, todas ávidas para alcançar a Tesla e aproveitar a onda de veículos elétricos, além de ligações telefônicas gravadas, mensagens de texto, e-mails privados e fotos de bastidores. “Nunca vimos este nível de enganos e fraudes em uma empresa deste porte”, finaliza o relatório.

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Na parceria entre a GM e a Nikola, como parte do acordo, a startup utilizará o sistema de bateria Ultium, a tecnologia de célula de combustível Hydrotec (de hidrogênio), ambas da GM, e terá sua picape Badger finalmente produzida em grande escala, mas pela fabricante de Detroit. O fato é que a Nikola, com um valor de mercado superior a US$ 13 bilhões, ainda não fabricou um único veículo completo sequer – apresentou apenas alguns protótipos de caminhões e a picape Badger. O acordo estende também a utilização da GM e sua tecnologia de célula de combustível para o mercado de caminhões pesados da Classe 7/8. Conforme a GM, as células de combustível se tornarão cada vez mais importantes para o mercado de caminhões. A Nikola tem outra parceria na Europa com a Iveco, a divisão de veículos comerciais da CNH Industrial. De acordo com a startup, os testes de um novo caminhão Nikola Tre começam neste ano no Velho Continente. O protótipo é baseado no Iveco S-Way, a nova linha de pesados da Iveco foi lançada em julho, na Espanha.

por Daniel Dias/AutoMotrix – Fotos: Divulgação

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