O lançamento do novo 208 é parte fundamental da estratégia de revigoração da Peugeot no Brasil. Em 2019, a marca francesa vendeu apenas 21.613 unidades no país, o que rendeu a pouco edificante décima terceira posição no ranking nacional. Para tentar voltar ao “top 10” do mercado brasileiro, a Peugeot renovou a linha de produtos, aprimorou o pós-vendas e mudou até o visual das concessionárias. Prevista para maio, a estreia da nova geração do 208 foi adiada por causa da pandemia da Covid-19 e só acontece agora. Na Europa, onde foi lançado no ano passado, o modelo fez sucesso e arrebatou prêmios importantes, como o “Car of the Year”. A linha 2021 do 208 é produzida em El Palomar, na Argentina – a fábrica de Porto Real (RJ), onde era feita a geração anterior, será destinada ao futuro 1008, utilitário esportivo montado sobre a mesma plataforma CMP do novo 208, e a modelos da Citroën. A nova geração do compacto da Peugeot estreia no país a nova assinatura visual da marca e a mais recente versão do i-Cockpit, agora com aspecto tridimensional. Haverá ainda uma versão elétrica, a e-GT, que só chega em 2021 e tornará o 208 o primeiro hatch compacto do Brasil a oferecer a opção entre motor flex ou elétrico.
A chegada do 208 inaugura a nova identidade mundial da marca no Brasil. Sua carroceria encorpada é sutilmente mais longa, mais larga e mais baixa que a do antecessor. A silhueta evoca esportividade. A dianteira associa elementos da nova assinatura visual da Peugeot na parte inferior com o “olhar felino” dos faróis e o “dente de sabre” formado pela iluminação com faróis full-led. A ampla grade ostenta o indefectível logotipo do leão ao centro. A traseira é inspirada nos utilitários esportivos 3008 e 5008 e traz um acabamento em black piano, que une as lanternas e se estende por toda a largura da tampa do porta-malas. Em harmonia com o conjunto óptico frontal, as lanternas são dotadas de elementos luminosos na forma de três “garras”.
Revelado em 2010 no carro-conceito SR1, o primeiro i- Cockpit – com seu volante pequeno e o painel de instrumentos elevado – surgiu junto com o primeiro 208, no início de 2012. Alastrou-se por toda a linha Peugeot e tornou-se um símbolo da marca. No atual 208, surge uma nova geração do i-Cockpit, batizada como i-Cockpit 3D, que adiciona um cluster em três dimensões à receita complementada pelo volante Sport Drive, de dimensões reduzidas e base achatada. O painel de instrumentos é elevado e a central multimídia “touchscreen” de 7 polegadas tem conectividade com Google Android Auto e Apple CarPlay. No novo cluster, que dispõe de tecnologia holográfica em 3D, algumas informações aparecem projetadas em destaque, mais à frente do visor principal, aproximando-se dos olhos – além de maior eficiência, proporciona uma leitura mais confortável.
A linha 2021 do 208 marca a estreia da produção de hatches na versátil plataforma CMP (Common Modular Platform), uma das mais modernas do Groupe PSA, que adapta suas dimensões para atender às diferentes necessidades. Pode, inclusive, ser adotada para versões convencionais e elétricas na mesma linha de produção – como é o caso do 208 e sua configuração “verde” e-GT. Ela também a responsável pela introdução de inovações tecnológicas de assistência à direção, segurança e comodidade do Peugeot Driver Assist – todas reservadas à versão Griffe. A configuração “top” do 208 traz de série sistemas como alerta de colisão, frenagem de emergência, alerta e correção de mudança de faixa, auxílio de farol alto, reconhecimento de placas e de limite de velocidade exibido no painel de instrumentos. Já o carregamento de smartphone “wireless” está disponível a partir da versão intermediária Allure. Além dos sistemas autônomos de assistência ao motorista, o 208 Griffe incorpora requintes como teto de vidro panorâmico, rodas de liga leve de 16 polegadas diamantadas, escapamento cromado, ar-condicionado automático digital, i-Cockpit, volante multifuncional em couro, bancos em Alcântara, chave keyless (presencial) com comandos de abertura das portas e da tampa do compartimento de carga e partida do motor pelo botão Start/Stop, faróis full-led, capa dos retrovisores e aerofólio em preto brilhante, assistente de estacionamento VisioPark 180 graus e sensores de chuva, crepuscular e de estacionamento.
Na gama flex, o novo 208 é sempre movido por motor 1.6 16V, que com etanol desenvolve 118 cavalos de potência e 15,5 kgfm de torque, já bastante conhecido na linha Peugeot, Ele atua sempre associado a uma transmissão automática sequencial de 6 marchas, com os modos “Eco” e “Sport”. Embora seja mais antigo, o 1.6 16V Flex oferece mais potência e torque em comparação ao 1.2 Puretech aspirado flex da versão anterior produzida em Porto Real, que entregava 84 cavalos e 12,2 kgfm na gasolina e 90 cavalos e 13 kgfm no etanol. Todavia, isso talvez não baste para entusiasmar quem esperava que o 208 viesse equipado com o moderno motor 1.2 turbo, com até 130 cavalos potência e 20,4 kgfm de torque. Os preços partem de R$ 74.990 na versão Active, vão aos R$ 82.490 na Active Pack, passam pelos R$ 89.490 na Allure e atingem os R$ 94.990 na Griffe.
208 e-GT – para carregar na tomada
Se o novo 208 vem da Argentina, sua versão elétrica 208 e-GT será importada da Europa. Só chega às ruas brasileiras no início de 2021 – mas a Peugeot já aceita encomendas. Segundo a fabricante, o e-GT faz de zero a 100 km/h em 8,3 segundos, tem motor com 26,5 kgfm de torque imediato e 136 cavalos de potência (100 kW).
O 208 e-GT pode ser carregado em tomadas convencionais residenciais ou carregadores rápidos, como os encontrados em estações de recarga. Dependendo no nível de carga e do dispositivo utilizado, é possível preencher 80% da bateria em apenas trinta minutos. Quem comprar um 208 e-GT receberá um sistema de recarga das baterias da unidade de potência desenvolvido especificamente para uso em tomadas convencionais.
Há três modos de condução. O “Eco” tem como foco a otimização da autonomia, o “Drive” é indicado para garantir o conforto ideal nos deslocamentos do dia a dia, enquanto o “Sport” prioriza o desempenho, utilizando-se da potência e do torque máximos. O modelo também oferece dois modos de frenagem: “Moderado”, para sensações semelhantes às de um veículo a combustão, e “aumentado”, para uma frenagem controlada pelo pedal do acelerador.
Primeiras Impressões
O poder da sugestão
Para muitos, o i-Cockpit 3D do Peugeot 208 pode parecer apenas um detalhe de estilo ou uma firula dos designers automotivos. Contudo, o volante pequeno e com a base e o topo achatados, além de permitir uma visualização excepcional das informações dos instrumentos, sugestiona instantaneamente uma posição de dirigir que faz o motorista se sentir como um piloto. E as informações apresentadas de forma tridimensional no tablier, como se fossem projetadas em diferentes “profundidades”, facilitam a visualização e dão um toque futurista ao ambiente.
Todavia, o 208 com motor 1.6 flex não chega a entregar a esportividade insinuada pela estética externa e interna. O motor até oferece torque e potência mais que suficientes para um carro do porte do compacto da Peugeot e o câmbio automático de 6 velocidades faz as passagens de marchas de forma elegante, sem solavancos. Porém, para quem gosta de dirigir de forma mais dinâmica, o 208 flex demora mais que o desejável para reagir às pressões no pedal do acelerador, que tem um curso um tanto longo. O uso do modo “Sport” do câmbio ou acionamento manual sequencial das marchas na manopla – não há “paddles shifts” no volante – permitem retomadas mais vigorosas.
A opção da Peugeot por equipar o novo 208 com um motor 1.6 bicombustível que já acumula mais de duas décadas de serviços prestados à marca – é da mesma família do 1.6 8V dos primeiros 206 – resulta em outro “efeito colateral” cujo resultado aparece afixado no para-brisa, na avaliação de consumo e emissões do Inmetro. Nela, é possível conferir que o modelo recebeu um nada edificante conceito “D” na sua categoria de hatches compactos, na escala de “A” até “E”. O selo do Programa Brasileiro de Etiquetagem atesta que o consumo do 208 flex na cidade fica em 7,5 km/l com etanol e 10,9 km/l com gasolina. Na estrada, os consumos aferidos pelo Inmetro foram de 9 km/l com etanol e de 13,1 km/l com gasolina.
Além do 208 Griffe, foi possível dar algumas voltas com o 208 e-GT, que oferece uma experiência dinâmica totalmente distinta da versão flex. Como é característico dos modelos elétricos, seu silencioso motor entrega o torque de forma praticamente instantânea, resultando em retomadas bastante vigorosas. Nas manobras rápidas, que incluíram diversos “slalons”, o compacto elétrico da Peugeot mostrou muita disposição e equilíbrio, proporcionado pelo bom acerto de suspensão. A direção eletricamente assistida também é eficiente e progressiva – e está disponível em ambas as versões.
Ficha Técnica
Peugeot 208 2021
Motor: 1,6 litro, flex, quatro cilindros, 16 válvulas, injeção eletrônica multiponto sequencial, comando de válvulas variável na admissão, com acionamento por correia.
Potência: 118 cavalos com etanol e 115 cavalos com gasolina, sempre a 5.750 giros
Torque: 15,5 kgfm a 4.750 giros com etanol e 15,4 kgfm a 4 mil rpm com gasolina
Tração: dianteira
Transmissão: automática sequencial de 6 marchas
Direção: elétrica com assistência variável
Suspensão: dianteira tipo pseudo McPherson, independente, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira com travessa deformável, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora.
Rodas e pneus: liga leve aro 16 polegadas com pneus 195/55 R16 87H
Freios: discos ventilados na dianteira e tambor na traseira, com ABS e ESP
Peso: 1.139 kg (Active), 1.153 kg (Active Pack), 1.174 kg (Allure) e 1.178 kg (Griffe).
Carroceria: hatch de quatro portas e cinco lugares, com 4,05 metros de comprimento, 1,96 metro de largura (1,74 metro com os retrovisores rebatidos), 1,45 metro de altura e 2,54 metros de entre-eixos.
Tanque de combustível: 47 litros
Porta-malas: 265 litros
Preços: Active por R$ 74.990, Active Pack por R$ 82.490, Allure por R$ 89.490 e Griffe por R$ 94.990
Por: Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Divulgação
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