Luiza Kreitlon/AutoMotrix

No início de março, a expectativa em torno do lançamento do novo Chevrolet Tracker, agendado para o dia 18 daquele mês, era imensa. Dentro do segmento automotivo que mais cresce em todo o mundo – o dos utilitários esportivos –, muito se esperava da versão SUV da bem-sucedida plataforma GEM, desenvolvida na China em parceria com a SAIC – a mesma que originou o Onix e o Onix Plus, respectivamente, o hatch e o sedã mais vendidos do Brasil e também, até aquele momento, os dois automóveis mais emplacados de 2020. A Chevrolet antevia que até o final do ano a fábrica de São Caetano do Sul (SP) teria capacidade produtiva suficiente para alçar o Tracker à disputa pelos primeiros lugares do segmento de SUVs. Mas, subitamente, a Covid-19 gerou o pior cenário imaginável para lançar um produto automotivo. Devido às regras de isolamento social causadas pela pandemia, o lançamento oficial do novo Tracker foi desmarcado e ele teve de ser apresentado apenas na internet, sem a presença da imprensa. Embora os 1.395 emplacamentos em abril e os 1.564 de maio tenham ficado aquém do que era previsto antes do lançamento – acompanhando a forte retração do mercado automotivo nacional como um todo –, bastaram para fazer a nova geração do modelo da Chevrolet conquistar a liderança provisória entre os SUVs. Em julho e julho, quando os concorrentes retomaram gradualmente sua produção normal, o líder do segmento passou a ser o Volkswagen T- Cross, que em julho foi também o carro mais vendido do país. Contudo, o novato da Chevrolet está ganhando escala de produção e, com as 4.075 vendas de junho e os 6.070 emplacamentos de julho, já se estabelece em um surpreendente segundo lugar entre os utilitários esportivos vendidos no país. Na linha Tracker, a versão “top” 1.2 Turbo Premier é a que tem a tarefa de expressar as melhores virtudes do modelo.

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            Em comparação com a versão anterior, importada da fábrica mexicana de Ramos Arizpe, o Tracker produzido no Brasil ganhou 1,2 centímetro no comprimento, 1,5 centímetro na largura e 1,5 centímetro no entre-eixos, entretanto, ficou mais baixo 5,2 centímetros – o que confere ao modelo um aspecto mais aerodinâmico, reforçado pelo visual agressivo e pelos vincos em toda a carroceria, especialmente no capô. Na traseira, o aerofólio integrado com “brake light” reforça a esportividade. Embora utilize a mesma plataforma do Onix, o Tracker traz bitolas mais largas e um novo subchassi dianteiro, além de ser o primeiro da família compacta da Chevrolet a adotar rodas de 17 polegadas.

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            A configuração Premier ostenta uma série de prerrogativas na linha Tracker e não oferece opcionais. É a única que traz teto solar panorâmico com abertura elétrica, rack de teto, rodas aro 17 diamantadas de cinco furos, lanternas com assinatura de leds e faróis full-led, integrando luzes diurnas e de conversão em manobras. As linhas de leds do para-choque, que são apenas luzes diurnas nas outras versões, incorporam a função de seta na Premier, diferenciando-se também por detalhes acetinados na base do para-choque dianteiro e traseiro e de frisos e maçanetas com acabamento cromado. O Tracker Premier tem direito até a uma cor exclusiva, denominada como Azul Power – presente no modelo avaliado. Por dentro, a versão topo de linha vem com bancos em um revestimento sintético que imita couro, detalhes em azul marinho no painel, nos bancos e nas portas e de inscrições “Premier” nos tapetes e estribos. A lista de equipamentos da Premier inclui sistema de estacionamento automático, alerta de ponto cego, monitoramento de pressão dos pneus, retrovisor fotocrômico, chave presencial e partida por botão, carregador de celular por indução e a central MyLink com tela de 8 polegadas, que permite conexão Apple CarPlay ou Android Auto e oferece internet 4G a bordo com chip da Claro (e gera uma mensalidade). Como já acontece na versão Premier da linha média Cruze, o sistema de alerta sonoro e visual de distância do carro à frente é complementado pela frenagem automática de emergência.

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            A versão topo de linha da nova geração do SUV estreou um motor inédito na Chevrolet, o três cilindros 1.2 flex da família CSS Prime, com turbocompressor mas sem injeção direta, produzido na fábrica de Joinville, em Santa Catarina. Atinge 133 cavalos e 21,4 kgfm quando abastecido com etanol e trabalha associado a um câmbio automático de 6 marchas. Já as versões mais baratas do Tracker adotam o mesmo 1.0 tricilíndrico turbo flex de 116 cavalos e 16,8 kgfm apresentado na linha Onix, no ano passado, também sem injeção direta. O 1.0 está disponível com câmbio manual ou automático de 6 marchas, enquanto o 1.2 vem sempre com a caixa automática. Como o Onix e o Onix Plus, o Tracker não conta com borboletas para trocas sequenciais das marchas. Os botões “+” e “” na alavanca servem para limitar a maior marcha disponível no modo “L” do câmbio – funciona como um freio-motor, para evitar que o câmbio vá para as marchas mais altas em longas descidas, por exemplo. Conforme a avaliação do Inmetro, o modelo faz 7,7 km/l na cidade e 9, 4 km/l na estrada com etanol. Com gasolina, o consumo chega a 11,2 km/l na cidade e a 13,5 km/l na estrada. Pena que o tanque leve apenas 44 litros, ante 53 litros do modelo mexicano anterior, limitando a autonomia.

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            A linha Onix foi lançada no ano passado por valores bastante competitivos em relação à concorrência. E o Tracker aparentemente pretendia seguir a mesma tática, apesar dos preços de todas as versões já terem subido quase 7% desde o lançamento, em março – uma tendência de alta que acontece em toda a indústria automotiva nacional, causada pela elevação na cotação do dólar. Em agosto, a linha parte de R$ 87.490 na configuração básica 1.0 com câmbio manual e atinge R$ 119.490 na Premier 1.2 – isso apenas na cor metálica Azul Eclipse (azul escuro). A cor sólida Branco Summit acrescenta R$ 750 e todas as outras metálicas (inclusive a vistosa Azul Power do modelo testado) somam R$ 1.600 à fatura, totalizando R$ 121.090. Mas os preços aparentemente não estão atrapalhando as vendas do Tracker. Tanto que a oportunidade de brigar pela cobiçada liderança entre os SUVs chegou bem antes do esperado.      

Experiência a bordo

Ambiente familiar

            O “parentesco” do novo Tracker com a linha Onix é evidente e indisfarçável. Volante, itens do painel e mostradores analógicos do quadro de instrumentos são os mesmos do hatch e do sedã – no SUV, as imagens da tela do computador de bordo são coloridas. A posição de dirigir é boa e o volante tem ajuste de altura e profundidade. Os bancos dianteiros também têm ajustes mecânicos de altura e profundidade – não são elétricos – e receberam um “upgrade” em relação aos da linha Onix, com direito a encosto de cabeça com ajuste de altura. O encosto de braço tem estofamento e o banco traseiro recebeu um descansa-braço central. Atrás, o espaço para as pernas é até mais generoso do que no antecessor mexicano.

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            O mesmo tom azulado dos bancos é adotado na área das portas e na faixa central do painel, uma rara superfície “soft touch” em meio à profusão de plásticos rígidos. A central multimídia tem tela de 8 polegadas – no restante da família de compactos, as telas têm 7 polegadas. Como no Onix, há uma porta USB dianteira e duas traseiras. O teto solar panorâmico com abertura elétrica é de série na versão Premier e amplia agradavelmente a sensação de espaço a bordo.

Impressões ao dirigir

Eficiência dinâmica

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            O novo motor 1.2 turbo do SUV da Chevrolet embala sem grande esforço. O câmbio responde rápido nas retomadas e consegue explorar bem o motor em giros elevados. Comparado aos motores aspirados de potência similar, o vigor adicional proporcionado pelo turbo faz diferença nas arrancadas. O torque máximo de 21,4 kgfm disponível já a duas mil rpm permite entregar arrancadas entusiásticas. A transmissão tem passagens mais suaves do que no Onix, mesmo em ritmos intensos. Falta ao câmbio um modo Sport, e a ausência de borboletas para passagem manual das marchas é sentida por quem aprecia uma condução mais esportiva. A posição “L” permite limitar as marchas a serem utilizadas e é uma alternativa para usar em descidas de serra. O volante é leve nas manobras de estacionamento e fica mais firme em velocidades elevadas.

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            O Tracker oferece uma qualidade de rodagem superior à dos Onix hatch e Plus, principalmente em relação à absorção de impactos do solo, às vibrações e ao nível de ruídos. O SUV supera valetas e quebra-molas com facilidade e os pneus aro 17 (sem este ‘também’) colaboram nesse aspecto, no entanto, a altura em relação ao solo de 15,7 centímetros é das menores do segmento. Nas curvas fechadas e em altas velocidades, a carroceria elevada naturalmente se inclina um pouco mais que a do Onix, porém, nada que chegue a comprometer a sensação de segurança. O bloqueio eletrônico do diferencial dianteiro, que a Chevrolet chama de Torque Vectoring by Brake, atua nos freios para ajustar a distribuição de torque nas rodas da frente e corrigir a trajetória no limite da aderência. O subchassi dianteiro com mais pontos de fixação ajuda a aumentar a rigidez do conjunto e a precisão do volante. As frenagens são suaves e equilibradas, mesmo quando o pedal é acionado de forma mais brusca. E, no “para e anda” do trânsito urbano, o sistema start-stop cumpre a função de racionalizar o uso de combustível.

Ficha Técnica

Chevrolet Tracker Premier

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Motor: dianteiro, transversal, três cilindros, 12V, 1.199 cm³, comando duplo variável, flex, turbo, injeção eletrônica de combustível. Tração frontal.
Potência: 132/133 cavalos (gasolina/etanol) a 5.500 rpm
Torque: 19,4/21,4 kgfm (gasolina/etanol) a 2 mil rpm
Câmbio: automático de 6 marchas – tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: dianteira independente do tipo McPherson e traseira com eixo de torção
Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS e ESP
Pneus: 215/55 R17
Dimensões: 4,27 metros de comprimento, 1,79 metro de largura, 1,62 metro de altura e 2,57 metros de entre-eixos
Tanque: 44 litros
Porta-malas: 393 litros
Peso: 1.271 kg
Preço: R$ 119.490 na cor metálica Azul Eclipse (azul escuro) e R$ 121.090 na cor metálica Azul Power do modelo testado

Por: Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Divulgação

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