No início de junho, a Scania entregou quatro exemplares do pesado R450 que foram os primeiros caminhões movidos a gás natural veicular ou biometano produzidos no Brasil. Contudo, parece que a marca sueca não ficará muito tempo sozinha na oferta de caminhões movidos a gás. A Iveco acaba de apresentar na Europa o novo S-Way NP, o primeiro caminhão pesado movido a gás natural liquefeito (GNL) do mercado europeu, com uma autonomia máxima de 1.600 quilômetros e 460 cavalos, vocacionado para longas distâncias. Paralelamente, no Mercosul, a marca italiana tornou-se a primeira montadora da Argentina a ter o certificado de homologação para fabricar caminhões movidos a gás natural comprimido (GNC), com a licença para o Tector 160E21.
Na Europa, o papel do gás natural no transporte rodoviário é cada vez mais importante. O novo Plano de Auxílio “Moves II”, idealizado pelo Ministério da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico espanhol, regulamentou um programa de incentivos à mobilidade eficiente e sustentável, que, entre outras ações, inclui a aquisição de veículos a energias alternativas, sejam eles leves, médios e pesados, por meio de incentivos até 13.500 euros para caminhões, dependendo do seu peso bruto. Na Alemanha, o Ministério dos Transportes e Infraestrutura Digitais ampliou por mais dois anos a isenção total de pagamento de pedágio a veículos a GNL e GNC. Por sua vez, a Itália ativou um novo desconto de 30% nos pedágios para veículos a GNL e elétricos em algumas das principais autoestradas. A considerável redução de emissões e o aumento de eficiência associadas, envolvendo custos muito competitivos em relação à respectiva versão a diesel, posicionam os caminhões movidos a gás como uma opção para qualquer tipo de missão. Com mais de duzentos e oitenta e oito postos de GNL no continente europeu, o processo e os tempos de reabastecimento para veículos a gás natural são os mesmos de um convencional, podendo completar-se em dois ou três minutos. Além disso, segundo a Iveco, o custo por quilômetro dos veículos com esse combustível é 30% menor do que uma equivalente proposta a diesel.
Com mais de 35 mil unidades comercializadas em todo o mundo, a Iveco é líder em tecnologia de veículos comerciais alimentados a gás natural em todo o mundo. Além disso, é a única fabricante a propor uma gama completa de modelos a gás natural, com três famílias de motores com potências de 136 a 460 cavalos, e uma oferta de produtos de 3,5 a 50 toneladas, tanto em veículos comerciais leves quanto para caminhões pesados para transporte de longa distância e também em ônibus. Com uma autonomia máxima de 1.600 quilômetros e 460 cavalos de potência, o S-Way NP comercializado na Europa posiciona-se como um veículo de transporte de mercadorias sustentável, que combina sustentabilidade e eficiência. Baseia-se na performance da gama pesada com uma maior redução nas emissões, inerente ao motor Cursor Natural Power que emite 90% menos NO2, cerca de 95% menos partículas sólidas e 95% menos CO2, recorrendo ao biometano (well-to-whell). De acordo com a engenharia da marca italiana, obtém tais resultados graças à inclusão de um sistema de pós-tratamento exclusivo com um catalisador de três vias, sem EGR ou SCR, e também em virtude da eficiência de consumo de combustível resultante da tecnologia moderna do motor e da caixa de velocidades Hi-Tronix.
Enquanto isso, na Argentina, a Iveco comemora a certificação para fabricar o Tector GNC na planta de Córdoba. O caminhão será o primeiro integrante da linha Natural Power a ser produzido no país sul-americano. A versão 160E21 tem tração 4×2 é impulsionada pelo motor NEF 6, ciclo Otto da FPT Industrial, com 213 cavalos e 76,5 kgfm de torque. O veículo tem seis tanques de GNC, cada um com 80 litros de volume, o que permite um alcance de aproximadamente 300 quilômetros de autonomia, oferecendo potência e um baixo nível de emissões gasosas e sonoras. Tem ainda suspensão parabólica dianteira, caixa de câmbio mecânica de 6 marchas e banco do motorista com suspensão pneumática. Conforme a Iveco, a nova configuração do Tector oferecerá desempenho equivalente aos caminhões movidos a diesel, com menor emissão de gases poluentes e de ruído, e também terá uma redução de custos de até dois terços em relação aos modelos movidos a combustíveis fósseis. A comercialização dos caminhões argentinos da Iveco movidos a GNC para o mercado brasileiro não está confirmada, mas o desempenho comercial da Scania na oferta de caminhões a gás no Brasil certamente deverá influenciar nessa decisão.
Por: Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Divulgação
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