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Durante muito tempo, o transporte rodoviário de cargas foi enquadrado em todo o mundo como uma espécie de “vilão ecológico”. Efetuado majoritariamente por caminhões movidos a diesel, o setor foi responsabilizado pelo aquecimento global e por muitas outras mazelas ambientais contemporâneas. Mas quando a exigência por soluções de transporte mais sustentáveis deixou de ser apenas dos ecologistas e passou a vir também dos próprios clientes, as indústrias do setor perceberam que era hora de se livrar dessa imagem negativa e criar tecnologias mais limpas. Atualmente, as principais fabricantes de caminhões do mundo investem no desenvolvimento de modelos elétricos “plug-in” (carregáveis na tomada), movidos a célula de combustível (que consomem hidrogênio), a gás natural veicular (GNV), biometano (gás obtido por meio de resíduos orgânicos) e outros combustíveis alternativos – e muitas já oferecem essas opções em seu portfólio de produtos nos países mais ricos. No Brasil, no segmento de entregas urbanas, os furgões elétricos Renault Kangoo Z.E. e BYD eT3 são procurados por empresas que buscam uma imagem mais “amiga do ambiente”. Entre os caminhões leves, enquanto a Volkswagen prepara o lançamento de seu elétrico eDelivery produzido em Resende, no Estado do Rio de Janeiro, a JAC Motors já importa da China o iEV 1200T, o primeiro caminhão elétrico vendido no mercado nacional. No transporte pesado, responsável pela maior parte dos caminhões comercializados no país, quem saiu na frente nessa tendência “ecologicamente correta” foi a Scania, que em maio entregou os primeiros quatro modelos movidos a GNV e/ou biometano produzidos no país. Adquiridos pelas empresas de transporte paulistas RN Express e Jomed Log, os veículos atenderão às demandas ecológicas da filial brasileira da fabricante francesa de cosméticos L’Oréal. Em junho, é a subsidiária nacional da PepsiCo, transnacional norte-americana do segmento de alimentos e bebidas, que acaba de incorporar a sua frota própria dezoito caminhões da Scania movidos a gás.

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            Os dez modelos G 340 4×2 e os oito R 410 6×2 movidos a GNV e/ou biometano da PepsiCo serão usados no abastecimento de produtos para todo o território nacional. Em uma daquelas “coincidências” meticulosamente estudadas pelos departamentos de marketing das grandes corporações, a entrega dos novos caminhões foi anunciada dia 4 de junho, um dia antes do Dia Mundial do Meio Ambiente – o que demonstra não apenas a intenção de mitigar os impactos das emissões de CO2 na atmosfera como também a proposta de rentabilizar mercadologicamente essa atitude ambiental mais responsável. “A PepsiCo foi a primeira do setor a fazer testes com o caminhão movido a gás natural e uma das primeiras a testar veículos elétricos, o que demonstra a nossa preocupação em liderar a transição para uma alternativa de transporte cada vez mais sustentável. Temos o orgulho de anunciar medidas concretas, que se somam às outras que já temos, para contribuir consideravelmente para atingirmos a nossa meta global de redução em 20% das emissões de CO2 até 2030”, valoriza Eduardo Sacchi, diretor-sênior de Supply Chain da PepsiCo Brasil.

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            O marketing ecológico pode gerar bons resultados em termos de imagem para uma empresa, todavia, um caminhão a GNV custa atualmente cerca de 35% a mais do que um similar a diesel. Para que pudesse decidir pela viabilidade da compra dos modelos menos poluentes da marca sueca, a PepsiCo recebeu um veículo de demonstração em novembro de 2019, para ser utilizado em operação real. “O período de testes foi fundamental para que pudéssemos ter resultados efetivos e uma decisão de compra assertiva, com destaque para a alta redução na emissão de poluentes, a diminuição de ruídos e as rotas com maior equilíbrio de custos e disponibilidade para reabastecimentos”, ressalta Sacchi. “O objetivo das empresas é a transição para um sistema de transporte mais sustentável, e a Scania vem liderando essa transformação. Para nós, não existe apenas um modelo sustentável, e cada país adotará as tecnologias que melhor se encaixam em sua realidade. Para o Brasil, o ‘aqui e agora’ é o caminhão movido a GNV e/ou biometano”, acredita Roberto Barral, vice-presidente das Operações Comerciais da Scania no Brasil.

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            Os caminhões pesados Scania movidos a gás natural veicular (GNV) e/ou biometano são vocacionados para médias e longas distâncias. Seus motores são Ciclo Otto (o mesmo conceito dos automóveis) e não são convertidos do diesel para o gás. Rodam movidos 100% a gás e biometano, ou mistura de ambos. Segundo a Scania, todos têm garantia de fábrica, tecnologia confiável e segura, com desempenho consistente e força semelhante à de um caminhão a diesel, além de serem 20% mais silenciosos. Os modelos movidos a gás incorporam as tecnologias introduzidas na Nova Geração da Scania, que iniciou as suas vendas em fevereiro de 2019, e estão equipados para que a equipe de gestão possa usufruir dos benefícios de gestão de frotas que os Serviços Conectados da Scania oferecem. A rede de concessionárias Scania em todo o Brasil está sendo preparada para dar apoio aos caminhões a gás. Não são necessárias grandes mudanças e os novos boxes, ferramentas e check-list especiais serão implementados ao longo dos próximos meses. “Esta frota mais sustentável rodará praticamente todo o Brasil e daremos o suporte necessário para manter a manutenção em dia e garantir a disponibilidade dos produtos”, complementa Barral. Outras marcas europeias instaladas no Brasil e que oferecem caminhões pesados movidos por eletricidade e combustíveis alternativos na Europa e América do Norte – como a Mercedes-Benz, a Volvo, a Iveco e a Daf –, não anunciam planos de comercializá-los no mercado brasileiro, pelo menos no curto prazo. O sucesso – ou o fracasso – da aposta da Scania em atender com seus caminhões a gás às crescentes exigências do marketing ambiental das grandes corporações certamente influenciará nas decisões das concorrentes.

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Por: Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Divulgação

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