No dia 8 de março de 1950, começaram a deixar a linha de montagem da Volkswagen em Wolfsburg, na Alemanha, as primeiras unidades da Transporter – um modelo que se tornou conhecido e muito popular no Brasil com o nome Kombi, uma redução do termo alemão “Kombinationsfahrzeug”, que significa “veículo combinado” ou “veículo multiuso”. Agora, a Volkswagen comemora setenta anos do modelo, que é produzido até hoje na Alemanha e está em sua sexta geração, bastante diferente do estilo “pão de forma” apresentado em 1950. Trata-se do veículo comercial produzido a mais tempo no mundo – ao longo dessas sete décadas, mais de 13 milhões de unidades foram fabricadas, em versões furgão, van, chassi-cabine e algumas adaptadas para mortorhome ou foodtruck. A Transporter/Kombi é considerada a precursora das vans de passageiros e carga.
No Brasil, a Kombi foi fabricada ininterruptamente pela Volkswagen na cidade paulista de São Bernardo do Campo de 2 de setembro de 1957 a 18 de dezembro de 2013 – antes disso, desde setembro de 1953, era montada na cidade de São Paulo em sistema de CKD pela Brasmotor (empresa que posteriormente tornou-se a Brastemp). Como, a partir de 2014, todos os automóveis produzidos no Brasil passaram a ser obrigatoriamente dotados de freio tipo ABS e airbag frontal duplo, o antigo projeto mostrou-se incompatível com as novas exigências da legislação e a produção da Kombi foi encerrada. O modelo fez história no mercado brasileiro, tem muitos admiradores até hoje e ganhou uma série de apelidos regionais, alguns carinhosos e outros nem tanto, como “Corujinha”, “Pão Pullman”, “Cabrita”, “Queima no Túnel” e “Jesus Te Chama”.
O projeto da Transporter começou a ser esboçado logo após o final da Segunda Guerra Mundial. Os primeiros esboços foram feitos em 1947 pelo empresário holandês Ben Pon, que imaginou um veículo leve de carga usando o conjunto mecânico do Fusca, com motor na parte traseira. Em 1949, os protótipos tinham carroceria do tipo monobloco, suspensão reforçada e motor traseiro 1,1 litro de 25 cavalos, refrigerado a ar. Havia duas diferentes configurações – a Kastenwagen, furgão com três janelas laterais e bancos removíveis, e o Microbus, com bancos fixos. O T1 acabou sendo lançado como van de carga e furgão de oito lugares. O motor e a caixa de câmbio vieram do Fusca e ofereciam uma carga útil máxima de 750 quilos. Em 1951, o icônico modelo Samba foi revelado com janelas amplas e teto solar dobrável, e um ano depois, foi lançada uma versão picape. A produção passou de Wolfsburg para Hannover em 1956. Em 1967, cerca de 1,9 milhão de pessoas havia comprado o T1, tornando-o um sucesso global.
No final de 1967, depois de o T1 forjar seu nome mundialmente como uma espécie de ícone cultural “hippie” na era do “flower power”, o sucessor T2 levou a van um passo adiante com uma nova grade dianteira e entrada de ar. A porta de correr agora era padrão, e a versão Camper se tornou um sucesso instantâneo com os viajantes. Em 1972, o T2 ganhou até uma versão elétrica de emissão zero. No total, 2,14 milhões de T2 foram construídos na fábrica de Hannover, embora a produção tenha continuado até 2013 no ABC Paulista, quebrando o recorde de maior período de produção.
Em 1979, o Transporter T3 tentou levar o veículo para a Era moderna, com uma nova carroceria mais ampla e de linhas retas, com mais espaço para passageiros e cargas e maior segurança – mas, lamentavelmente, o carisma e o charme do design original se perderam nessa geração e jamais foram resgatados novamente. Foi introduzido um motor plano, disponível em diesel, e um novo chassi que se propunha a oferecer maneabilidade semelhante a de um carro. Em 1990, o lançamento do T4 marcou uma revolução técnica – a tração dianteira. O Transporter também passou a ser disponível em duas distâncias de entre-eixos pela primeira vez. Em 2003, a apresentação do T5 representou uma evolução do design exterior, com maior foco no interior e no local de trabalho do motorista, além de uma variedade de motores a gasolina e a diesel e um sistema de tração nas quatro rodas.
Em 2015, foi apresentada a sexta geração do Transporter, a T6. Novos motores, sistemas inteligentes de assistência ao motorista, novo sistema de infoentretenimento e um novo design frontal definiram a Era moderna do T6 – porém, a pintura em dois tons servia como um aceno para o modelo original. Em 2019, com o lançamento do atual T6.1, a Volkswagen trouxe a icônica van para a Era digital com um novo design de painel, uma série de atualizações de tecnologia, conectividade um novo sistema de direção hidráulica e motores turbodiesel mais limpos e eficientes.
Por: Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Divulgação
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