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O Rastrojero é um famoso utilitário argentino, idealizado e produzido de 1952 a 1979 por algumas empresas estatais locais. Nasceu como um projeto de estímulo à exploração do trabalho local e à promoção da indústria nacional, durante a presidência de Juan Domingo Perón. Primeiramente, foi desenvolvido pelas Industrias Aeronáuticas y Mecánicas del Estado (IAME), depois, passou a ser produzido pela Dirección Nacional de Fabricaciones e Investigaciones Aeronáuticas (DINFIA) e, finalmente, foi fabricado pelas Industrias Mecánicas del Estado (IME). O nome refere-se à vocação do veículo em rodar sobre folhas e caules de cereais como o milho, o sorgo e a soja, deixados nos campos após as colheitas, conhecidos em espanhol pelo termo “rastrojo” e em português como “restolho”. Seu objetivo era tornar a produção agrícola argentina mais eficiente por meio de um veículo acessível aos agricultores mais pobres, com custo de manutenção relativamente baixo. Foi produzido inicialmente com motores a gasolina da norte-americana Willys Overland e, depois, com propulsores a diesel da alemã Borgward. Agora, quatro décadas depois de deixar de ser fabricado, o Rastrojero começa a renascer em versão 100% elétrica – e com produção brasileira. A Amperion Motors, empresa argentina idealizadora do novo Rastrojero, está se unindo à Indústria Brasileira de Veículos Elétricos (Ibrave), empresa sediada em Goiás e constituída especialmente para realização do projeto em versão nacional. O objetivo é que a fábrica brasileira atenda a todo o Mercosul. A previsão é que as primeiras unidades do Rastrojero “made in Brazil” saiam da linha de produção até 2025.

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            Segundo a Ibrave, o veículo manterá o conceito robusto da emblemática picape argentina, sucesso para o trabalho rural nos anos 60 e 70, devendo receber as modernas tecnologias atualmente disponíveis, incluindo motorização elétrica de 60 kW, que leva o veículo à velocidade máxima controlada de 100 km/h, e baterias de íons-lítio com autonomia de até 300 quilômetros com única carga. O novo Rastrojero foi cuidadosamente atualizado para situações do trabalho diário no campo, com detalhes, acessórios e inovações. A picape tem comprimento de 4,64 metros, largura de 2 metros e altura de 1,87 metro e oferecerá três distâncias de entre-eixos diferentes e opção de tração dianteira, traseira ou integral – uma configuração que, segundo o fabricante, supera 1,3 tonelada de carga e 4 toneladas de reboque.

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            Outra inovação do modelo elétrico para o agronegócio são as tomadas de força dianteira e traseira para conectar pequenas máquinas auxiliares ao trabalho. Posteriormente, a gama será complementada por um utilitário esportivo e um conversível. De acordo com informações da Ibrave, o projeto do novo Rastrojero tem contribuição da italiana Italdesign, uma das mais importantes empresas de estilo automotivo do mundo, da Crespo Performance Center, empresa argentina que trabalha com desenvolvimento de carros de competição, e do centro de experimentação e segurança viária Cesvi Argentina, além de conselheiros da Universidade Tecnológica Nacional, de Buenos Aires, e de engenheiros alemães no conjunto de propulsão elétrica.

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            O Rastrojero é considerado um símbolo da metalurgia e engenhosidade argentinas, uma vez que seu desenvolvimento e produção foram a pedra fundamental da primeira indústria metalúrgica estatal daquele país. Com o tempo, o veículo recebeu diversas configurações – picape cabine simples, cabine dupla, rural, van e ambulância. Apesar de ter sido desenvolvido para ser utilizado como utilitário de carga, ganhou também versões de passageiros. Com pouco mais de 32 mil unidades montadas, o fim de sua produção coincidiu com o desmantelamento das Industrias Mecánicas del Estado feito pelo governo do general Jorge Rafael Videla, o primeiro presidente da ditadura militar que governou a Argentina de 1976 até o final de 1983. A intenção inicial da Amperion Motors era produzir o novo Rastrojero na cidade argentina de Rosário, mas a opção pela fabricação no Brasil veio por causa da grave crise econômica da Argentina e pelo grande crescimento do agronegócio no mercado brasileiro. O investimento previsto é da ordem de R$ 500 milhões. As empresas Amperion Motors e Ibrave, que estão formando uma joint venture, estudam a possibilidade de disponibilizar parte das ações da nova montadora para investidores e entusiastas de veículos elétricos.

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Por: Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix – Fotos: Divulgação

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