Luiza Kreitlon/Agência AutoMotrix

No início de 2019, a Ford Ranger vendia cerca de 1.500 unidades mensais e disputava a terceira posição no ranking das picapes médias com a Volkswagen Amarok. Desde junho, quando foi apresentada a versão 2020, com uma reestilização frontal e novo acerto na suspensão, as vendas não pararam de crescer. Em outubro, o melhor mês de vendas do modelo, foram 2.329 emplacamentos – quase o dobro dos 1.172 da Amarok. A protagonista da estratégia publicitária da nova Ranger é a versão “top” Limited, oferecida por R$ 192.790, que incorpora assistentes semiautônomos de direção – uma tendência na indústria automotiva mundial, porém, ainda inéditos entre as picapes vendidas no Brasil. Abaixo dela, com o mesmo motor 3.2 diesel de 200 cavalos mas sem as tecnologias eletrônicas de assistência ao motorista, está a versão XLT, por R$ 178.790. Segundo informações obtidas em concessionárias da marca, a procura pela XLT é expressivamente maior do que a da Limited. Nem tanto pelo fato da XLT custar R$ 14 mil mais barato, mas justamente por não ter tantos dispositivos eletrônicos – que seriam considerados um tanto “invasivos” pela parcela mais conservadora dos consumidores de picapes, principalmente os ligados ao agronegócio.

Luiza Kreitlon/Agência AutoMotrix

Na linha 2020, a oferta de motores flex na linha Ranger foi eliminada – conforme a Ford, respondiam por apenas 8% das vendas. A Ranger agora conta com duas opções de motor a diesel da família Duratorq, o 2.2 e o 3.2. O modelo básico XL e o intermediário XLS levam o motor 2.2 a 160 cavalos. Com o motor 3.2 de 200 cavalos, as versões XLT e Limited incorporam transmissão automática de 6 velocidades e tração comutável entre 4×2 (traseira), 4×4 e 4×4 reduzida com diferencial traseiro blocante eletrônico. Em termos de design, as mudanças da linha 2020 se concentraram na frente. Grade, para-choque, faróis principais e de neblina foram redesenhados e as versões com motor 3.2, além dos estribos laterais, incorporaram cromados na grade dianteira, na capa dos retrovisores, nas maçanetas e no para-choque traseiro. Por dentro, o padrão de acabamento da cabine foi aperfeiçoado.

Luiza Kreitlon/Agência AutoMotrix

Na parte de engenharia, a picape produzida na Argentina ganhou uma nova suspensão para melhorar a dirigibilidade e o conforto, tanto no asfalto quanto no fora-de-estrada. Um dos pontos críticos do modelo em relação aos concorrentes era o fato de ele ser muito duro. Além de barra estabilizadora redesenhada e elementos de coxinização refinados, a picape teve as longarinas do chassi reforçadas e adota dois ajustes diferentes de molas, amortecedores e buchas, de acordo com o peso de cada versão – XLT e Limited, que têm o mesmo conjunto mecânico, adotam a mesma configuração. Toda a linha já vem de série com o AdvanceTrac, composto por controle eletrônico de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, controle automático de descida, assistência de frenagem de emergência, luzes de emergência em frenagens bruscas, controle de oscilação de reboque, sistema anticapotamento e controle adaptativo de carga, além do diferencial traseiro com bloqueio eletrônico.

Luiza Kreitlon/Agência AutoMotrix

A Ranger XLT 3.2 4×4 automática é uma picape bem equipada. Vem com bancos e volante de couro, abertura e fechamento global dos vidros, sensor de chuva, para-brisa acústico, multimídia Sync 3 com tela sensível ao toque de 8 polegadas e navegação, faróis automáticos e com ajuste de altura, sistema de monitoramento individual de pressão dos pneus, sete airbags, bancos em couro, ar-condicionado digital dual zone, retrovisores com piscas integrados e rebatimento elétrico, vidros elétricos com fechamento a um toque para os passageiros, faróis com projetor, retrovisor eletrocrômico e para-sóis com espelho e iluminação. As rodas são de liga leve de 18 polegadas com pneus 265/60 R18 All Season. Por mais R$ 14 mil, a versão “top” Limited acrescenta os tais sistemas semiautônomos de segurança, como alerta de colisão, assistente autônomo de frenagem com detecção de pedestres, farol alto automático, faróis baixos em xênon, luzes de condução diurna em leds, piloto automático adaptativo, sistema de permanência em faixa e sistema de reconhecimento de sinais de trânsito. Além deles, incorpora também tampa da caçamba com trava elétrica e assistente de abertura e fechamento, santantônio na cor do veículo, rack de teto, rodas de liga leve diamantadas e protetor de caçamba.

Luiza Kreitlon/Agência AutoMotrix

O crescimento de quase 50% na média mensal de vendas ao longo deste ano deixou a picape da Ford apenas trezentos e quatro unidades distantes dos 2.633 emplacamentos de outubro da Chevrolet S10, a segunda picape média mais vendida do Brasil – ambas distantes da líder Toyota Hilux, que vendeu 3.395 unidades no mesmo período. Ou seja, se as vendas da Ranger continuarem se expandindo no ritmo atual, a briga pela vice-liderança do segmento promete esquentar. Em tempos nos quais as picapes e os SUVs se tornaram a prioridade da Ford, a Ranger tornou-se um produto bastante estratégico. E está agradando em diversos mercados. Acaba de conquistar o título de “Picape Internacional de 2020”, em eleição bienal realizada na Europa com a participação de jurados de 18 países.

Experiência a bordo

Conectividade em alta

Por dentro, o padrão de acabamento da cabine da Ranger XLT 2020 evoluiu. Com exceção do porta-óculos e das luzes de teto, que lembram os adotados no EcoSport e são um tanto simplórios, o padrão do habitáculo é bem decente para uma picape, tanto no acabamento quanto na escolha de materiais. O espaço interno é correto e dá para viajar com cinco pessoas a bordo, sem maiores inconvenientes – embora o túnel central seja um pouco avantajado e tire o conforto do passageiro do banco central. A transmissão automática tem manopla com novo design e os comandos de 4×4 e reduzida são funcionais e bem localizados.

Luiza Kreitlon/Agência AutoMotrix

No habitáculo, um ponto alto da Ranger XLT é a central multimídia Sync 3 com tela de 8 polegadas sensível ao toque, navegação, comandos por voz e compatibilidade com as plataformas Android Auto e Apple CarPlay. É fácil de se usar e oferece uma interface inteligente, com soluções de design gráfico que facilitam a vida do usuário. Também é de série o ar-condicionado digital de duas zonas, que evita brigas na busca pela temperatura ideal a bordo.

Impressões ao dirigir

A presença do conjunto

Luiza Kreitlon/Agência AutoMotrix

O motorzão 3,2 litros 20V turbo com cinco cilindros da Ranger XLT não nega força e entrega o robusto torque de 47,9 kgfm já em baixas rotações, a partir de 1.750 rpm. Para quem dirige, isso representa que, em qualquer giro, o motor está sempre preparado para acelerar. A potência máxima de 200 cavalos aparece já em 3 mil giros e também dá e sobra para um comportamento dinâmico bastante esportivo às mais de duas toneladas da picape. O câmbio automático de 6 marchas faz um gerenciamento inteligente de toda essa força e as trocas de marchas acontecem de forma elegante, sem vacilações. As marchas podem ser trocadas manualmente na manopla – não há borboletas no volante.

A Ford Ranger 2020 repensou a relação entre uso no asfalto e na terra. Um destaque é o novo ajuste da suspensão, que entrega um nível de equilíbrio entre conforto e dinâmica bem acima do padrão do segmento de picapes médias. Apesar do peso e das dimensões avantajadas, é possível dirigir a Ranger quase como se fosse um carro de passeio. É reconfortante e chega a ser surpreendente a estabilidade da picape em altas velocidades, tanto nas pistas quanto nas trilhas.

Luiza Kreitlon/Agência AutoMotrix

No off-road, Ranger enfrenta obstáculos sem se abalar ou dar sinais de fragilidade ou fadiga. Os comandos para acionar a 4×4 e a reduzida são intuitivos, fáceis de acionar e realmente tornam a Ranger XLT um veículo difícil de intimidar. Para quem gosta de “chafurdar” com sua picape, a capacidade de imersão de impressionantes oitenta centímetros é um atributo a ser levado em consideração. E a Ranger também tem bons ângulos de entrada e saída: 28 graus na frente e 26 graus na traseira. O vão livre é de 23 centímetros.

Ficha Técnica

Ford Ranger XLT 3.2 4×4 automática

Luiza Kreitlon/Agência AutoMotrix

Motor: dianteiro, longitudinal, cinco cilindros, 3.2, 20V, comando duplo, turbo, injeção direta de diesel.
Potência: 200 cavalos a 3 mil rpm.
Torque: 47,9 kgfm a 1.750 rpm.
Câmbio: automático de 6 marchas; tração 4×4 com reduzida.
Direção: elétrica.
Suspensão: independente com barra estabilizadora (dianteira) e eixo rígido (traseira).
Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira.
Pneus e rodas: 265/60 R18.
Dimensões: 5,35 metros de comprimento, 1,86 metro de largura, 1,85 metro de altura e 3,22 metros de entre-eixos.
Caçamba: 1.180 litros.
Tanque de combustível: 80 litros.
Peso: 2.168 kg.
Produção: General Pacheco/Argentina.
Preço: R$ 178.790

Veja Também:

Ford Edge ST – Na alta roda

DEIXE UMA RESPOSTA