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Quem tem mais de R$ 20 mil para gastar em uma moto para fazer tudo – encarar um trail leve, rodar na cidade diariamente e fazer pequenos passeios ou longas viagens por todos os caminhos – deve considerar a Kawasaki Versys-X 300. “Irmã menor” da família, ela é versátil, bonita e bem resolvida, inclusive por ser equipada com pneus de uso misto Pirelli MT 60 com roda de 19 polegadas na frente, ao contrário de suas “irmãs maiores” – Versys 650 e Versys 1000 – que vêm com pneus para asfalto e rodas de 17 polegadas. Portanto, a própria fábrica posiciona a Versys-X 300 como uma trail para disputar espaço com a Honda XRE 300, a Yamaha Lander 250, a Royal Enfield Himalayan e a BMW G 310 GS, essa última com preço bem próximo.

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O primeiro destaque positivo para a Versys-X 300 é seu design imponente, característico das motos aventureiras, com a carenagem e o pequeno para-brisa integrados ao tanque de combustível (17 litros). O protetor do cárter e do motor se unem com as tampas laterais e também dão a impressão de ser tudo uma coisa só, com ângulos e contrastes de cores que terminam no banco em dois níveis com o bom bagageiro ornando a traseira da moto. Outro reforço para o estilo são as rodas raiadas, característica de motos feitas para enfrentar maus caminhos.

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O chassi da Versys-X 300 é do tipo backbone, que tem o motor como parte de sua estrutura. As suspensões são Kayaba e trazem na dianteira garfo telescópico com tubos de 41 milímetros de diâmetro e 130 milímetros de curso, enquanto na traseira há o sistema Uni-Trak – com amortecedor único, link, ajuste de pré-carga da mola e 148 milímetros de curso. Os freios seguem o padrão para a classe de moto no segmento, com disco simples nas duas rodas – 290 milímetros na dianteira e 220 milímetros na traseira – com ABS não comutável (não desliga). Com preço de R$ 22.460 (Fipe, março/2019) na versão ABS, a Kawasaki Versys-X 300 é uma receita versátil e que agrada pelo seu porte não tão grande, mas com comportamento e consumo de moto maior.

Impressões ao pilotar

Para cima e para baixo

O teste da Kawasaki Versys-X 300 consistiu em uma pequena viagem de 669 quilômetros para aproveitar os equipamentos adicionais que vem na versão Tourer (cavalete central, protetores de carenagens, manetes e motor, faróis auxiliares, tomada 12 V e baús laterais). Do total percorrido sempre com carga máxima (piloto, garupa e bagagem), cerca de 40% foi por off-road, encarando um trail leve em estradinhas que ligam algumas pequenas cidades e vilarejos da Serra da Mantiqueira entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais.

Não dá para cravar seco que a Versys-X 300 é uma trail pura, porque ainda falta a roda de aro 21 polegadas na frente. Os mais puristas defendem que as trail de verdade devem ser equipadas com motores de um cilindro com mais força em rotações menores. Esse definitivamente não é o caso do motor de dois cilindros, 296 cm³ de capacidade, arrefecimento a líquido e comando duplo no cabeçote, o mesmo que equipa a Ninja 300. No entanto, ele não decepciona, apesar de exigir giro alto para entregar seus 40 cavalos e os 2,6 kgfm de torque, o que é ruim para controlar a tração da roda traseira, que escorrega mais facilmente no off-road. Imagine olhar para o conta-giros e ver a faixa vermelha começar em 12 mil rpm e descobrir que o motor corta o giro apenas a 13.500 rpm.

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Contudo, para uma moto com caráter aventureiro, nas estradas ela vai muito bem com sua caixa de marchas com 6 velocidades e embreagem assistida e deslizante, que evita travar a roda em reduções de marcha. E aqui mais um ponto a ser destacado, pois apesar de motor e câmbio serem iguais aos da Ninja 300, a relação secundária é encurtada com uma coroa maior (46 dentes, na “ninjinha”, é 42 dentes, mas as duas têm o pinhão de 14 dentes), deixando a moto mais esperta, com o giro do motor subindo mais rápido e o torque disponível antes, também. No off-road, isso se traduz em menos trocas de marcha, porém, o ruído compassado e forte do “twin” não combina muito com as trilhas e estradinhas. Entretanto, dificilmente a moto dá aqueles soluços em retomadas de velocidade com uma marcha muito alta. Nesse caso, o indicador de marcha engatada no painel ajuda bastante para se o piloto encaixar a marcha certa para cada situação.

O painel merece menção. Completíssimo e de fácil leitura mesmo quando a luz do sol incide diretamente, ele tem velocímetro digital, conta-giros, indicador de marcha engatada, consumo médio, relógio, indicador de temperatura (do liquido de arrefecimento e do ambiente), indicador ECO (economia de combustível), marcador do nível de combustível no tanque e de autonomia. Outro elogio cabe à ergonomia da moto, com posição de pilotagem natural para piloto e garupa, mas os dois assentos são muito duros. Contudo, a Kawasaki se preocupou com as pessoas de menor estatura e estreitou o banco na parte da frente, para o piloto poder plantar firmemente os pés no chão.

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Com um conjunto bem ajustado nas suspensões, a Versys-X 300 é firme e segura na condução. No roteiro de 669 quilômetros com garupa e carga, por estradas simples, rodovias e caminhos off-road, consumiu 28,69 litros de gasolina – uma média de 23,31 km/l.

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