Poucas vezes alguém mostra um carro tão revolucionário no design. O IMQ Concept, destaque no estande da Nissan no Salão de Genebra 2019, realizado de 7 a 17 de março na cidade suíça, é quase uma profecia automotiva. E os novos tempos antecipados pelo IMQ parecem ser bem plausíveis com a cara dos futuros crossovers da indústria automotiva global. O design do conceito da Nissan realmente impressiona desde o primeiro momento.
No coração do IMQ se encontra a última geração do e-Power, um sistema de motor 100% elétrico que entrega uma aceleração instantânea e linear, desenvolvido a partir dos atuais modelos campeões de vendas no Japão, o Note e o Serena. No IMQ, tem potência total de 250 kW, ou 340 cavalos, e 71,38 kgfm de torque. A força é dirigida a um novo sistema de tração integral, que proporciona controle independente em cada roda. A associação do e-Power com a tração integral é ideal para condições de baixa aderência, como por exemplo em estradas cobertas de neve.
O IMQ Concept dá várias pistas sobre o futuro da Nissan Intelligent Mobility – a forma como os carros podem interagir com o motorista e lhe dar uma nova experiência ao volante. O crossover é equipado com uma versão de protótipo avançado do dispositivo de assistência à condução ProPilot, que pode oferecer uma capacidade maior de assistência autônoma. O modelo conta ainda com a tecnologia Invisible-to-Visible (I2V), revelada durante a CES (Consumer Electronics Show), realizada na cidade de Las Vegas, em janeiro.
O I2V é uma interface 3D na qual o mundo real converge com o virtual. O sistema ajuda os ocupantes do veículo a enxergar o que estaria normalmente invisível, aumentando a segurança e o prazer da experiência de dirigir. Isso torna-se possível graças à tecnologia Omni-Sensing, que conecta o IMQ às informações do mundo real dentro e fora da cabine, combinadas às realidades virtuais, sendo exibidas para o condutor e o passageiro da frente. O dispositivo auxilia o motorista a ver além da curva, ter informações precisas sobre congestionamentos – inclusive as causas – e determinar rotas alternativas para um trajeto sem estresse. O motorista pode até mesmo desfrutar da companhia de um passageiro virtual, que se apresenta na figura de um “avatar” de realidade aumentada em 3D dentro do carro.
As dimensões do IMQ – 4,55 metros de comprimento, 1,56 metro de altura e 1,94 metro de largura – o colocam no segmento C de crossovers na Europa. O exterior e o interior da cabine, que tem uma reduzida área envidraçada, formam um design único, dando a impressão de uma superfície contínua. “O design do IMQ combina influências japonesas tradicionais e modernas, apresentando o que será possível de se fazer nos futuros crossovers. Com o IMQ, o interior e o exterior se fundem de forma suave, antecipando como será a direção do nosso design na terceira geração de crossovers da Nissan”, explica Alfonso Albaisa, vice-presidente sênior de design na Nissan.
No carro-conceito da marca japonesa, o logotipo da Nissan está integrado à grade V-Motion – propositalmente mais sutil –, que se estende em vertical pelo capô e até o para-choque dianteiro, criando cantos salientes nas extremidades. A tampa do motor tem recortes com molduras cromadas, com o para-choque se estendendo das passagens de rodas em direção à parte central do carro. Na traseira, uma linha vertical sai do conjunto óptico e forma um spoiler lateral, colaborando para a performance aerodinâmica. A parte superior de trás é integrada com um conjunto óptico em formato de bumerangue. Como uma peça única, a tampa traseira se estende até os para-lamas, em repetição do desenho do capô.
Um olhar mais atencioso revela o amplo uso de vincos tridimensionais nas áreas escurecidas da parte inferior da carroceria. Essas camadas detalhadas – conhecidas como lamelas (estrutura fina e achatada encontrada muito próximas umas às outras em órgãos respiratórios de alguns animais) – remetem ao design tradicional japonês e se estendem por todo o contorno do crossover. Completam o lado de fora as rodas de liga leve de 22 polegadas, com exclusivos pneus Bridgestone Connect, que passam informações ao motorista por meio de interface gráfica. Os dados transmitidos incluem a pressão dos pneus, carga, temperatura, nível de aderência, desgaste e condição em geral, ajudando o IMQ a calibrar automaticamente os sistemas embarcados de controle, para que funcionem em seu nível ideal.
Dentro, o painel de instrumentos em formato de “asa planadora” domina a frente da cabine, de onde parte o console central, que segue em direção aos bancos dianteiros e traseiros, esculpidos e com acabamento em tecido tecnológico em 3D de dois tons, com corte a laser em um design geométrico inspirado na arte japonesa de trabalhar a madeira, conhecida como “kumiko”. A estampa aparece também no painel de instrumentos, nos revestimentos das portas, na bandeja do porta-malas e no acabamento metálico rígido dos encostos dos bancos. Pequenas lamelas cumprem o papel de apoio para a cabeça.
Tudo dentro da cabine tem foco no motorista. Isso fica evidenciado pela interface gráfica do usuário, dominada por uma tela de 840 milímetros embutida no painel de instrumentos. Assim como em um smartphone, ela é totalmente preta quando desligada. Ao ser acionada, “ganha vida” para exibir tanto o status do sistema e-Power quanto outras informações sobre o veículo. Uma segunda tela, menor, aparece sobre o console central, com a função de abrigar o Assistente Pessoal Virtual do IMQ, que melhora a experiência de condução controlando as funções do carro, como a navegação, respondendo aos comandos do motorista. O volante foi ergonomicamente desenhado para colocar o condutor em uma posição relaxante, reduzindo a visibilidade do painel de instrumentos. Na parte de trás da direção, ficam os controles avançados do tipo borboleta com superfície macia ao toque.