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A debandada de empresas do Salão Duas Rodas 2019, iniciada por BMW, Harley-Davidson e Ducati, parece não ter fim. Agora é a vez de Dafra e KTM anunciarem que não participarão do evento agendado para novembro – que, por enquanto, ainda é o maior evento do setor de motocicletas da América Latina. O motivo, segundo o comunicado conjunto das empresas, é a necessidade de relacionamento direto com novos e potenciais consumidores por meio de test-rides, o que o Salão Duas Rodas não proporciona. Também há o clamor por mudanças no formato e o custo alto de participação, apesar de apenas a Ducati ter manifestado que o custo é um fator decisivo.

O fato é que um Salão Duas Rodas com importantes e sensíveis ausências não é bom para ninguém. Nem para quem já confirmou a participação – Honda, Yamaha, Kawasaki, Suzuki, Haojue –, tampouco aos que ainda não confirmaram, como Triumph e Royal Enfield, e muito menos aos ausentes confirmados – BMW, Harley-Davidson, Ducati, Dafra e KTM. Para o setor, é um verdadeiro desastre, sobretudo após o início da suada retomada de produção e vendas em 2018 após seis anos de quedas sucessivas.

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O assunto ocupa espaço na imprensa especializada desde o início deste ano, quando a Reed Exhibitions Alcântara Machado anunciou a renovação do contrato com a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) garantindo a realização do Salão até 2025. Logo em seguida, a BMW anunciou que não participaria do evento, e na esteira do impacto da decisão da BMW, a norte-americana Harley-Davidson e a italiana Ducati também declinaram do Salão Duas Rodas. E agora, Dafra e KTM juntas pularam fora. É bom lembrar que a não participação da marca austríaca é consequência da decisão da Dafra, pois essa é importadora, montadora e distribuidora oficial das motos KTM no Brasil.

Por enquanto, nem a empresa promotora, tampouco a Abraciclo se pronunciaram oficialmente sobre as desistências do Salão Duas Rodas. Mas parece claro o desconforto que o assunto causa a executivos que atuam no setor. Razões para isso não faltam! A começar pela falta de unidade na Abraciclo, que vê quatro das 10 empresas do setor de motocicletas associadas à entidade fora do Salão Duas Rodas 2019, apesar dela, Abraciclo, ser a entidade que dá caráter oficial ao evento. Alguns até podem dar de ombros e orgulhosamente dizer que as empresas já confirmadas no evento detém mais de 95% das vendas de motos no Brasil. No entanto, a preocupação não é pela representatividade do evento em termos de volume do mercado, mas o fato de que pode haver um esvaziamento em termos de público e uma frustração geral ao se perceber que o maior evento do setor não reúne todas (ou a maioria) das principais empresas do setor. É bom lembrar que o objetivo do Salão Duas Rodas – como de todas as outras mostras dos segmentos de motocicletas e de automóveis em todo o mundo – é mostrar novidades, apontar tendências e, acima de tudo, oferecer a oportunidade aos consumidores de sonharem com motocicletas que não veem nas ruas todos os dias, as chamadas “motos dos sonhos”.

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Além de tudo, a ausência de grandes marcas no contexto do mercado brasileiro, apesar de não representarem grande volume de vendas, causa uma enorme desconfiança nos consumidores. A maioria não terá a preocupação de entender as razões de cada uma, porém certamente desconfiará da saúde do setor e acumulará dúvidas quanto ao compromisso de cada marca ausente com o mercado brasileiro. De fato, algo não cheira bem! Com a palavra, Abraciclo e Reed Exhibitions Alcântara Machado.

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