Hannover/Alemanha – O IAA Commercial Vehicles Show, também conhecido como Salão de Hannover, é a maior feira de transporte do mundo. Esse ano, o evento alemão aconteceu de 20 a 27 de setembro e as fabricantes de veículos e sistemas automotivos que participaram do evento mostraram o que há de mais avançado em conectividade, veículos autônomos e eletromobilidade. Algumas das inovações tecnológicas exibidas já estão em aplicação no Brasil ou estão prestes a desembarcar em território nacional.
No estande da Volkswagen Caminhões e Ônibus em Hannover, um dos destaques era o Volksbus e-Flex, ônibus híbrido com motor principal bicombustível. O presidente para a América Latina, Roberto Cortes, explicou que os testes do novo veículo começam em seis meses na cidade de São Paulo. “Estamos negociando com um parceiro, uma empresa de transporte público, para iniciarmos os testes da aplicação. É uma alternativa muito eficiente, porque usa o motor de automóvel como gerador de energia, enquanto o veículo não está com a bateria completamente carregada”, disse o executivo. Segundo ele, a produção do ônibus híbrido começará em meados de 2020, seis meses após o início da fabricação em série do caminhão elétrico e-Delivery, também exposto no evento alemão. “Usamos o motor TSI 1.4L flex do Volkswagen Golf como gerador e com isso reduz muito os custos, principalmente com combustível. Além disso, o motor tem a opção de ser abastecido também com GNV, o que viabiliza a operação em outros países da América Latina”, complementa Cortes. O executivo revelou ainda que, para o e-Delivery já negociado com a Ambev, está sendo testado um novo motor elétrico, com tecnologia da Scania – marca sueca que, como a Volkswagen Caminhões e Ônibus, faz parte do Grupo Traton. No protótipo desenvolvido na cidade fluminense de Resende e apresentado em São Paulo na Fenatran de 2017, o propulsor elétrico do caminhão era fornecido pela WEG. “São alternativas que estamos estudando. Estamos conversando com o cliente para entregar uma solução de acordo com as suas especificações”, ressaltou Cortes.
O principal destaque do estande da Mercedes-Benz em Hannover foi o novo Actros, mas a marca alemã também lançou no evento o seu primeiro caminhão autônomo. A Mercedes adaptou o extrapesado Axor 3131 8×4 para atuar de forma autônoma em uma operação de colheita de cana-de-açúcar no interior de São Paulo. O presidente da montadora para a América Latina, Philipp Schiemer, afirma que já há dois modelos em testes na fazenda Agro Cana Caiana, e já foram negociados mais 16. “Temos mais 20 negócios em andamento. O caminhão pode rodar 24 horas por dia e tem ganhos de produtividade, pois carrega em torno de 18 toneladas de cana e, por isso, pode aumentar o número de viagens. O produto está em testes há um mês e já há uma fila de compra para essa tecnologia”, comemorou o executivo. A Mercedes-Benz fez uma parceria com a empresa Grunner para o desenvolvimento do software para dar condições do caminhão operar de modo autônomo na plantação. “Ainda há necessidade de um operador dentro da cabine do veículo, para fazer o transbordo da carga. Mas, com essa tecnologia, o produtor tem um ganho de mais de 10% na safra, porque reduz o pisoteamento das mudas de cana durante a colheita. A precisão é de centímetros”, disse Schiemer. A direção autônoma é controlada por um sistema que inclui piloto automático, GPS e georreferenciamento, sendo utilizada exclusivamente nos trechos mapeados da fazenda onde a colheita está sendo feita.
Já a sueca Scania optou por valorizar no salão alemão veículos que já estão em fase final de desenvolvimento, ao invés de tecnologias futuristas. Para o mercado europeu, mostrou diversos caminhões híbridos, que entram imediatamente em comercialização. Também estavam no evento os novos motores e cabines que equiparão a nova geração de caminhões Scania, que rodará no Brasil a partir de 2019. Além deles, a montadora aposta em propulsores movidos a gás natural veicular para reduzir a emissão de poluentes e melhorar o consumo nas operações, inclusive no Brasil. No estande, um dos destaques era um caminhão L340 movido a GNV “Vamos lançar no Brasil, no próximo ano, o motor movido a GNV. Temos uma versão para o gás liquefeito, mas esse tipo de combustível não é permitido no país, apesar de ser mais eficiente em termos de economia de combustível”, explicou Celso Mendonça, gerente de desenvolvimento de negócios da Scania no Brasil.