A nova Ducati Supersport S, que desembarca no final de setembro nas concessionárias brasileiras, mantém as características principais da marca italiana: força, design e esportividade. Mas os engenheiros procuraram dar a essa nova moto também alguns atributos de versatilidade que as superesportivas da marca não têm, como uma posição mais ergonômica e relaxada para o piloto e um eventual garupa, com visual leve e compacto que transmite uma ideia de dinamismo. O objetivo da Ducati ao tentar conferir à Supersport S esse caráter de versatilidade é atrair uma gama maior de potenciais clientes para a marca, que hoje olham para a Ducati e não encontram uma moto “multiuso”, que permita o uso diário na cidade e que possa também ir tranquila para a estrada, seja para viagens longas ou passeios curtos com os amigos, ou mesmo levar a moto para uma pista em um “track-day”.
Baseada no design da Ducati Panigale, a Supersport mantém a personalidade comum às motos da marca, com um design italiano explicitado por belas e agressivas linhas. Na frente está um poderoso conjunto óptico com luz diurna em leds (DRL – Daytime Running Light) e as parábolas do farol (alto e baixo). Os piscas direcionais estão posicionados nos dois retrovisores e a carenagem está livre de grafismos e traz um discretíssimo “Supersport S” na lateral da moto posicionado na mesma linha do bloco óptico. O para-lama faz conjunto com a carenagem e também traz apenas um aplique “Ducati Safety Pack”. Por enquanto, a moto está disponível somente na cor vermelha, mas a Ducati promete para 2019 a Supersport S na cor branca.
Com a frente baixa e bem aerodinâmica, a carenagem deixa aparecer um pedaço do chassi tubular em treliça sob o tanque de combustível e tem ainda dois recortes para o fluxo de ar do motor. Dois detalhes destacam o design da moto: na frente, os tubos do garfo da suspensão invertida Öhlins na cor dourada, e, na lateral, a carenagem tem um recorte assimétrico para deixar à mostra os dois tubos do escapamento que passam por baixo da moto e terminam na ponteira dupla em aço escovado. Na traseira, chamam a atenção o monobraço da suspensão e a rabeta curta com a cobertura do banco do garupa na mesma cor da moto, harmonizando o conjunto. O assento do piloto tem costura contrastante (vermelha), e mais um discreto adesivo “Ducati” com as cores da bandeira italiana está aplicado nas laterais, sob o banco do garupa. O painel é digital com uma tela única colorida de LCD.
O motor tem dois cilindros em “L” Testastretta 11 graus com 937 cm³ de capacidade e produz 113 cavalos de potência a 9.000 rpm e 9,9 kgfm de torque a 6.500 rpm. O comando de válvulas é o tradicional Ducati desmodrômico, com quatro válvulas por cilindro, arrefecimento a líquido e com taxa de compressão de 12.6:1. Esse motor é o mesmo que equipa a Multistrada 950, mas recebeu pequenos ajustes. Faz par com uma caixa de marchas com 6 velocidades assistida por embreagem deslizante, que evita o travamento da roda traseira nas reduções bruscas de marcha.
A Ducati vendeu em no ano passado 1.184 motos no Brasil e pretende manter o nível em 2018. Com a entrada da Supersport S na linha, os executivos da marca informam que essa moto deve representar cerca de 10% das vendas totais da Ducati, o que significa cerca de 120 unidades por ano, ou 10 motos por mês. A marca italiana conta com uma rede de concessionárias com oito lojas: São Paulo/SP (duas), Ribeirão Preto/SP, Curitiba/PR, Belo Horizonte/MG, Goiânia/GO, Brasília/DF e Campinas/SP. Além destas, para suprir sua necessidade de oferecer serviços pós-venda, a Ducati tem quatro postos de serviço: Recife/PE, Caxias do Sul/RS, Rio de Janeiro/RJ e Cascavel/PR. A Supersport S estará disponível no Brasil no dia 26 de setembro, com preço público sugerido de R$ 63.900.
Impressões ao pilotar
Criatura das estradas
Para provar que a Supersport S é uma moto para todos os momentos, a Ducati proporcionou um test-ride que saiu da Zona Sul de São Paulo e foi até Mairiporã, cidade próxima da capital paulista, em um trajeto de 70 quilômetros aproximadamente, passando por tráfego pesado das grandes avenidas e rodovias. Esse trajeto comprovou que a moto realmente oferece uma posição de pilotagem mais confortável do que se espera de uma superesportiva e que a Supersport S não impõe dificuldades para passar fácil nos apertados corredores entre os carros.
No entanto, como o próprio nome sugere, trata-se de uma superesportiva – alguns defendem que é uma sport-touring. E, nesse estilo, não é uma moto para uso urbano diário. A tentativa dos engenheiros e do marketing da empresa de vender toda essa versatilidade deve ser vista com cautela. E as razões para isso são bem simples e práticas para quem usa moto diariamente: o forte calor que emana do motor para as pernas do piloto, resultado do rodar em baixa velocidade em boa parte dos trechos urbanos, o que coloca a ventoinha do sistema de arrefecimento do motor em funcionamento quase permanente. Além disso, o pequeno ângulo de esterçamento do guidão, aliás, característica das esportivas, que dificulta as manobras no meio dos carros parados.
Essas duas características não eliminam totalmente esse caráter de versatilidade, mas é bom que o potencial comprador saiba que, em cidades congestionadas, a Supersport S sofre junto com o piloto. Mas a história é outra quando se fala de estrada, seja em pista simples, sinuosa ou mesmo em grandes rodovias. Aí, a moto da Ducati mostra suas garras e prova que traz tudo o que está disponível nas mais modernas superesportivas do mercado mundial.
O sistema de trocas de marchas Ducati Quick Shift (DQS), equipamento de série na Supersport S, faz uma enorme diferença para pilotos que buscam baixar tempo nas pistas e que dispensam o uso da embreagem para trocas, exceto para a partida em primeira marcha. Para trocar marcha para cima, basta acionar o pedal de troca em qualquer rotação. Já para reduções de marcha, é preciso diminuir a aceleração. Nesse momento, o sistema funciona em conjunto com a embreagem deslizante.
Típica de uma moto esportiva, especialmente em uma Ducati, a aceleração é forte e segura, mas linear, sem degraus. Não é necessário subir muito o giro do motor para sentir a pressão da forte aceleração. “Enrolar o cabo” na arrancada ou na retomada de velocidade requer cuidado, porque a resposta é imediata. Essa virtude do motor torna bem fácil tirar a roda dianteira do chão em qualquer marcha e com rotação acima de 3.000 rpm. Abaixo disso, o motor reclama um pouco, exigindo troca de marcha.
O desempenho cativante da Ducati Supersport S pode ser explicado em parte pelo gerenciamento eletrônico operado por vários sistemas presentes na moto, todos devidamente ajustados para permitir ao piloto aproveitar melhor a tocada em estradas e na pista. São três modos de pilotagem: Sport, Touring e Urban, e o piloto adapta a “personalidade” do motor a sua própria aptidão e ao local onde a moto será utilizada e, claro, às condições do piso. Em cada modo de pilotagem, vários parâmetros podem ser personalizados, de acordo com as preferências de estilo e as condições do local. Para atuar de forma inteligente e oferecer total segurança na escolha do piloto, os diversos sistemas eletrônicos da moto são interligados, como o Acelerador Eletrônico Ride-by-Wire, o ABS 9 MP Bosch e o Controle de Tração Ducati (DTC).