Evolução natural da versão de 300cm³ de capacidade, a nova Kawasaki Ninja 400 chega agora ao mercado brasileiro com muitos predicados: design inspirado nos modelos de competição e chassi em treliça como na superesportiva H2, além de um novo motor, mais estreito, leve e potente que seu antecessor – dois cilindros e 48 cavalos de potência máxima e torque de 3,9 kgfm a 8.000 rpm. Outro fator que impacta positivamente no novo modelo esportivo da marca japonesa é seu preço, a partir de R$ 23.990. Valor que coloca a Ninja 400 estrategicamente posicionada entre a Yamaha R3 (42 cavalos e R$ 23.290) e a Honda CBR 500R, que custa a partir de R$ 24.900 e tem 50 cavalos de potência.
Totalmente nova do farol à rabeta, o modelo da Kawasaki mira um público mais maduro, que quer uma moto versátil, que pode ser usada no dia a dia, mas que também pode encarar uma viagem ou até acelerar em um track-day. De cara, a moto chama a atenção pelo desenho, misto das superesportivas ZX-10 com H2, traços evidenciados na carenagem frontal e rabeta. Isso sem falar no porte. A nova integrante da família Ninja pesa 168 quilos em ordem de marcha. Ou seja, quatro quilos menos que a Ninja 300. Para reforçar seu estilo mais agressivo, a Ninja 400 traz piscas integrados à carenagem e dois faróis mais afilados e com iluminação de leds (cada um com feixes baixo e alto), que ficam acessos simultaneamente, melhorando a iluminação da pista e, consequentemente, a segurança do condutor.
Quarto lançamento da Kawasaki do Brasil em menos de dois meses – Z900 RS, Ninja ZX-10 R SE e Z900 RS Cafe –, a nova Ninja 400 estará disponível nas concessionárias a partir da segunda quinzena de setembro, com preço público sugerido de R$ 23.990 (sem frete) para a versão ABS nas cores verde e preto e de R$ 24.990 (sem frete) para a versão KRT Replica, que traz a tradicional cor verde e grafismos exclusivos. Apesar do upgrade, com uma moto completamente nova, vale uma sugestão. Ao elevar a potência e o preço de seus produtos de entrada, a Kawasaki pode estar deixando de lado o motociclista “estreante”. Para atender a essa massa de comparadores de menor poder aquisitivo que busca modelos de até 250cc, a marca japonesa deveria trazer de volta ao Brasil a Ninja 250 SL/SE, que ainda é produzida e vendida nos países asiáticos. Assim, a evolução natural do motociclista dentro da linha de produtos Kawasaki – começando pela miniesportiva de 250cc – seria feita de forma mais natural e gradual: 250cc, 400cc, 650cc e 1000cc.
Primeiras impressões
Acelerar é preciso
Tuiuti/SP – Chega a hora de colocar o macacão e tentar raspar as pedaleiras na pista do Haras Tuiuti, um campo de provas multiuso especialmente criado para abrigar eventos automotivos e motociclísticos de qualquer natureza, que fica no interior de São Paulo. De cara, a posição de pilotagem agrada. A moto conta com semiguidões (com posicionamento mais altos se comparado com uma esportiva puro sangue), que deixam os braços semiflexionados, aumentando o controle e o conforto na pilotagem. As pedaleiras foram posicionadas um pouco mais à frente. Já o desenho do tanque de combustível (14 litros) contribui para que as pernas fiquem bem encaixadas. Além disso, o assento (bipartido) oferece bom nível de conforto para o motociclista. Mesmo em uma posição mais “racing”, com o tronco inclinado para frente, a nova Ninja não é uma moto cansativa.
Com o motor ligado e pista liberada, a Ninja vai ganhando velocidade gradualmente. O bicilíndrico paralelo de 48 cavalos (a 10.000 rpm) e quase 4 kgfm de torque (a 8.000 rpm) vai “enchendo” de forma bem progressiva, sem sustos e sem buracos na aceleração, como acontecia nas antigas Ninjas 250/300, já que a miniesportiva só gostava de rodar em altos giros. Claro que a versão de 400cc também gosta de trabalhar acima de 9.000 rpm, mas agora com a adoção do novo propulsor, o toque se apresenta mais cedo, em baixos e médios regimes de rotação. Na pista, habitat feito para rodar com a “mão cheia”, o novo modelo da Kawasaki foi bastante divertido de se tocar, impulsionado pelo som médio-grave do motor, que instigava o piloto a acelerar. Na reta do circuito, a moto passou de 130 km/h. Detalhe: a Ninja 400 conta com embreagem assistida deslizante e, consequentemente, trocas de marchas mais suaves e precisas.
Além do motor, outro fator ajuda bastante do quesito manobrabilidade: o bom ângulo de inclinação – até conseguir raspar as pedaleiras nas curvas. A redução do peso (e o aumento de nove cavalos), se comparado à Ninja 300, aliado a um conjunto ciclístico bem ajustado, transmite muito prazer na pilotagem. Tudo é simples, mas funciona com precisão. As suspensões, por exemplo, absorvem bem as irregularidades do piso. Na dianteira, garfo telescópico convencional, com tubos de 41milímetros de diâmetro e 120 milímetros de curso e, na traseira, amortecedor a gás com cinco ajustes de pré-carga da mola e 130 milímetros de curso. Outro ponto positivo do modelo é o sistema de freios. A nova Ninja 400 tem disco de freio 310 milímetros de diâmetro na dianteira. É a mesma medida utilizada em sua irmã mais velha e potente, a Ninja ZX-14R. Na traseira, disco simples de 220 milímetros de diâmetro. Em conjunto ao ABS, a moto oferece uma frenagem eficiente, com bom nível de controle.
O novo chassi em treliçada da Ninja 400 segue o padrão adotado na superesportiva H2. Dessa forma, o departamento de engenharia da Kawasaki conseguiu que a moto tivesse uma distância de entre-eixos mais curta e braço oscilante mais longo, complementado por um ângulo de cáster menor. Equilibrada e ágil, a esportiva da marca japonesa é muito boa para contornar curvas! A Ninja 400 é um bom produto? Sim! Entrega o que se propõe? Sim! É divertida de pilotar? Muito! Nova, bonita, eficiente e divertida de se pilotar. Apenas duas ressalvas: faltou uma suspensão ajustável na dianteira e um painel totalmente digital, como há na ZX-10. Aliás, o painel da versão de 400cc é igual ao da Ninja 650.