Honda XRE 300

A Honda XRE 300 é uma moto para uso misto (on/off-road) que se sai bem tanto em rodovias asfaltadas quanto em estradas de terra. Nos trechos de terra, é fácil verificar sua aptidão ao off-road em um uso moderado. Mas, em uma competição de verdade, como a XRE 300 se sairia em condições extremas? Para colocar à prova a vocação “lameira” da XRE, nada como uma das mais desgastantes e exigentes competições do gênero do país – a Copa EFX Brasil, tradicional prova de Enduro FIM realizada na cidade paulista de Mogi das Cruzes. Um Enduro FIM é uma corrida de aproximadamente 100 quilômetros, que mescla trilhas com várias dificuldades, como morros, descidas, lama, atoleiros, cavas gigantes, pedras, saltos e diversidade de pisos, entre muitos outros obstáculos. Os pilotos largam individualmente e ganha o mais rápido no somatório dos tempos. Trata-se de uma modalidade que exige muito preparo do piloto e da moto.

Honda XRE 300

É evidente que o design da XRE 300 condiz com uma moto fora-de-estrada. Não é uma motocicleta voltada para competição, contudo os resultados no enduro são surpreendentes. A XRE 300 recebeu algumas alterações para encarar as trilhas da Copa EFX Brasil. O pneu original foi substituído pelo Rinaldi, 100% off-road, a relação foi mudada – usando coroa com 50 dentes – para extrair mais força nas primeiras marchas (torque), consequentemente, perdendo velocidade, a embreagem foi reforçada (discos e molas) e o para-lama dianteiro foi levantado. A moto testada veio com freios sem ABS, versão mais recomendada para a terra. Os freios a disco na dianteira e traseira com respectivamente 256 e 220 milímetros, assinados pela Nissin, cumpriram seu papel sem sustos.

O motor DOHC (duplo comando de válvulas no cabeçote) gera 25,4 cavalos a 7.500 rpm e 2,76 kgfm a 6 mil rpm (quando abastecido a gasolina), distribuindo potência e torque na medida correta para encarar os obstáculos impostos pela competição. A diferença na aceleração pode ser sentida nos primeiros metros, já que a resposta da XRE 300 ficou muito mais incisiva e agressiva com a coroa de 50 dentes. No entanto, continuou fácil de se dosar. Não faltou torque nem força.

Honda XRE 300

A posição de pilotagem da XRE 300 agrada tanto no asfalto quanto na terra, e o guidão cria uma posição natural de ataque. As pernas ficam posicionadas adequadamente, mas a grande carenagem do tanque atrapalha na hora das curvas mais fechadas, nas quais se faz necessário esticar o pé para frente – técnica tradicional para off-road.

Uma reação incomum na XRE 300 chamou a atenção: em descidas muito íngremes, quando faltava tração, a alternativa foi colocar a primeira marcha, jogar o corpo para trás e frear simultaneamente na frente e atrás. Nesses dois momentos, a roda traseira começou a dar trancos, atrapalhando a frenagem. Como se a transmissão forçasse uma velocidade que não era aceita pelo chão.

A XRE 300 tem uma ciclística bem acertada para transpor obstáculos, como era de se esperar de uma moto trail. A relação entre comprimento, largura e altura, somada à distância entre-eixos e o ângulo de caster, favorecem trocas rápidas de direção e muita agilidade. A distância mínima do solo ajudou em diversos trechos, nos quais a XRE 300 passou sem dificuldades. Quando o obstáculo era mais alto, a moto sofria as consequências de uma pancada mais forte. Nada que um pouco de velocidade a mais não resolvesse.

Honda XRE 300

O conjunto de suspensões surpreende pela versatilidade. O sistema funciona bem e faz de tudo para transmitir o menor impacto possível para o piloto, maximizando a tração nos momentos de acelerar. A XRE 300 é equipada com garfos telescópicos com curso de 245 milímetros na dianteira. Na traseira, o sistema é o tradicional da Honda Pro-Link, com curso de 225 milímetros, que é mais eficiente no amortecimento. A roda dianteira tem 21 polegadas e a traseira, 18, o que ajuda a reduzir os impactos. A suspensão foi bastante exigida na competição, já que a moto passou até por saltos.

Mesmo com 146 quilos, o excesso de peso não apareceu em nenhum momento. Embora seja consideravelmente mais pesada que uma CRF 230F (de 108 quilos), quando se coloca a moto para rodar, esses quilos a mais “desaparecem” e a moto parece leve e ágil. Estreita, a XRE 300 contribui para uma posição de pilotagem mais agressiva.

A corrida durou seis horas, em um total de 110 quilômetros, que renderam quatro voltas no desafiador circuito da Copa EFX Brasil. Ao final, o desempenho off-road da XRE 300 foi comprovado. Claro que não se pode comparar a XRE com uma moto totalmente fora-de-estrada. Mas o modelo da Honda topa tudo: a única limitação é o piloto. Andar na estrada de terra? Tranquilo! Passar sobre um riacho ou lama? Sem problemas! Até encarar uma trilha “casca grossa” ela encara. Mesmo sem ser uma moto genuinamente voltada para trilhas, a XRE 300 se sai acima das expectativas em um enduro de verdade.

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