Ao criar o protótipo do e.GO Mover, a empresa alemã de componentes e sistemas automotivos ZF reuniu em um só veículo muito do que se imagina como sendo o futuro do transporte. A van elétrica em forma de paralelepípedo, pensada para transporte urbano de passageiros ou de cargas, é altamente conectada e foi desenvolvida para incluir tecnologias de direção autônoma. Mas o que poderia parecer apenas mais um devaneio futurista dos engenheiros automotivos virou um produto real bem mais cedo do que se imaginava. O protótipo atraiu a atenção de empresas de mobilidade e logística, para as quais os veículos comerciais autônomos constituem um modelo comercial atrativo. No final de junho, a ZF tornou-se sócia da recém-fundada joint-venture e.GO Moove GmbH, destinada à fabricação de veículos de transporte de pessoas e cargas para as necessidades de mobilidade urbana. E a nova empresa já anunciou que a produção em série do e.GO Mover será iniciada em 2019, na cidade alemã de Aachen, próxima à fronteira com a Bélgica. A joint-venture prevê um volume de produção anual “de cinco dígitos”, sem definir exatamente quantas dezenas de milhares. Mas a expectativa da ZF é que a demanda por esses veículos atinja um milhão de unidades até 2025.
O e.GO Mover faz parte de uma proposta logística totalmente digital, que inclui hardware, software e serviços. Com as tecnologias implementadas pela ZF no veículo, o funcionário da empresa de transportes não terá que guiar ou estacionar, pois o veículo fará essas atividades de forma independente, indo de um destino a outro, com zero emissões. Várias empresas de transporte de cargas e de passageiros projetam que a tecnologia da direção autônoma prevaleça no setor, pois isso poderá reduzir os custos operacionais e, ao mesmo tempo, ajudar a aumentar a segurança para os usuários.
O protótipo da van desenvolvido pela ZF tem 4,65 metros de comprimento, 1,98 metro de largura e 2,50 metros de altura, com 2.100 quilos em ordem de marcha. Em configuração para passageiros, além de uma área separada para o motorista, o e.GO Mover traz um grande banco em forma de “J”, com capacidade para 10 pessoas – o veículo pode levar ainda mais quatro passageiros em pé. O motor elétrico ZF drive system tem 150 kW ZF e a capacidade da bateria é superior a 70 kW, o que permite ao veículo operar por 10 horas seguidas com uma carga completa. Tudo isso sem emitir poluentes.
No e.GO Mover, o computador central ProAI coordena as informações captadas por diversos sensores e utiliza a chamada inteligência artificial – capacidade de decidir, entre opções pré-estabelecidas, qual é a melhor – para viabilizar funções autônomas de direção. “Inicialmente, esperamos que as atividades de condução automatizada sejam cada vez mais comuns nas instalações das empresas e em armazéns logísticos, em portos ou em ambientes agrícolas. Nessas condições, as operações tendem a ser mais recorrentes e os ambientes não são muito complexos”, explica Wolf-Henning Scheider, CEO da ZF. Equipado com avançados sistemas elétricos de direção e freios, o e.GO Mover poderá utilizar assistências de direção no nível 4 – que é um nível anterior ao nível 5, de automação completa, o qual não requer absolutamente nenhuma atenção humana. Nos níveis 4 e 5, o sistema de condução autônoma é capaz de dirigir, frear, acelerar, monitorar o veículo e a pista, bem como responder a eventos, determinar quando trocar de faixa, fazer curvas e interpretar sinais de trânsito. Mas, no nível 4, o sistema deve primeiro notificar quando as condições são seguras e somente então o motorista aciona o modo autônomo. No nível 4, o veículo não opera de forma autônoma em situações mais dinâmicas de trânsito, como engarrafamentos ou ao entrar em uma rodovia.
Líder mundial na produção de componentes e sistemas automotivos, a ZF concentra suas atividades em quatro campos: condução automatizada, acionamentos elétricos, sistemas integrados de segurança e controle de movimento veicular. Para permitir a ampla conexão em rede entre os sistemas que desenvolve, a empresa sediada na cidade de Friedrichshafen configurou a sua própria Nuvem da Internet das Coisas (IoT). Em abril deste ano, associou-se à eSync Alliance, uma plataforma com padrão unificado de várias empresas do setor automotivo que permite transmitir, de forma segura, versões de software mais recentes diretamente da nuvem para os veículos. “Queremos fornecer soluções de sistemas que possam atender a todos os requisitos potenciais quando se trata da mobilidade do futuro”, complementa o CEO da ZF.