Harley-Davidson Heritage Classic

A norte-americana Harley-Davidson faz 115 anos em 2018, mas as comemorações já começaram no ano passado. Foi quando a marca apresentou as novas gerações de sete modelos custom, que compartilham a nova plataforma Softail e os modernos motores Milwaukee-Eight. O design das motocicletas é totalmente novo, diferenciado dos modelos anteriores, e reforça a identidade de cada modelo. Uma dessas motos foi a Heritage Classic, que teve seu modelo 2018 apresentado no Brasil no Salão Duas Rodas, em novembro, e que é oferecida nas concessionárias Harley-Davidson por preços a partir de R$ 73.980.

Harley-Davidson Heritage Classic

A Heritage Classic anterior era uma homenagem da marca à nostalgia do cromado da reluzente década de 50. Já o modelo novo, coerente com os sombrios tempos atuais, é bem mais “dark”. Os antigos cromados deram lugar a muitos detalhes em preto, que aparecem em diversas partes, notadamente nas rodas, no motor, nas bengalas, no guidão e até na barra do para-brisas destacável – que segue um estilo “vintage” referente às clássicas Harley do período pós-Segunda Guerra Mundial. O assento tem novo design e os alforjes rígidos foram reestilizados e podem ser trancados com a mesma chave da trava de direção.

Harley-Davidson Heritage Classic

O novo motor Milwaukee-Eight 107 V-Twin de 1.745 cm³ tomou o lugar do antigo motor Twin Cam 103 e, segundo a marca, entrega aceleração mais forte, melhor desempenho de ultrapassagem e acelera 10% mais rápido de zero a 100 km/h. Com o novo chassi, que utiliza uma nova estrutura tubular de aço carbono altamente resistente, a Heritage perdeu 17 kg: caiu de 347 kg para 330 kg em ordem de marcha. O novo quadro é 65% mais rígido do que o anterior, o que leva a um aumento de 34% na rigidez geral do chassi. Segundo a Harley-Davidson, o novo design do chassi também contribui para a redução de 50% nas peças e componentes e diminuição de 22% nas soldas. O tanque tem 18,9 litros de gasolina. A nova suspensão dianteira SDBV de alta performance e o amortecedor traseiro monochoque visam a entregar melhor dirigibilidade do que os modelos anteriores. Controle de velocidade de cruzeiro – popularmente conhecido como “piloto automático” – e freios com ABS são de série.

 

Impressões ao pilotar

Pela estrada afora

Harley-Davidson Heritage Classic

Rio de Janeiro/RJ – A Harley-Davidson Heritage Classic foi avaliada ao longo de uma semana, em trajetos urbanos e rodoviários que somaram mais de 1.400 quilômetros. Para avaliar melhor o potencial estradeiro do modelo, foi incluída no roteiro uma viagem de mais de 1.200 quilômetros entre a capital do Rio de Janeiro e a cidade serrana paulista de Espírito Santo do Pinhal, ida e volta. Os trajetos foram executados basicamente nos limites de velocidade estabelecidos nas estradas.

Harley-Davidson Heritage Classic

Durante a avaliação, o novo motor Milwaukee-Eight 107 V-Twin se mostrou notavelmente mais vigoroso do que o utilizado no modelo anterior. Apesar de ser econômico na estrada (obteve média de 20,8 km/l ao rodar 954 km com 45,71 litros), a autonomia poderia ser maior para uma custom, moto desenhada para a estrada. Obriga o piloto a paradas para reabastecimento a cada 300 km, aproximadamente. Quanto àquela velha vibração, marca registrada de várias gerações de Harleys, ficou no passado. O novo sistema de contra-balanceiros do Milwaukee-Eight é muito eficiente e a moto abandonou essa tradicional característica. Agora, a vibração do motor fica em níveis bem confortáveis. Os novos chassis e balanças, somados aos renovados sistemas de amortecimento dianteiro e traseiro, tornaram a moto mais estável e macia. A excelente performance nas curvas é um destaque. Dá ao piloto tanta segurança que ele pode até ser tentado a abusar.

Talvez o fato do motor andar bem e vibrar menos permita perceber que outras coisas vibram mais do que deveriam na Heritage Custom. O para-brisas destacável faz o capacete vibrar a partir de 90 km/h, e, além disso, faz um ruído intenso com a passagem do vento, o que compromete o conforto. Fica melhor quando está ausente, mas um sistema de ajuste de altura do para-brisa já seria uma boa ideia. A tampa do tanque de combustível também vibra e faz barulho. Como o problema é antigo, muitos donos da Heritage Classic já adotam um anel vedador na medida certa para colocar entre a tampa e o tanque, que elimina o inconveniente. Embora sejam peças originais Harley-Davidson, a estrutura de fixação do baú e o próprio baú, do tipo destacável, também fazem ruído quando trafegam em pisos irregulares, principalmente quando vazios. Outro detalhe que mereceria aperfeiçoamento é o descanso, que nem sempre desliza sobre o solo, como nos modelos anteriores, obrigando o piloto a checar sempre se ficou na posição correta.

Harley-Davidson Heritage Classic

Se alguns detalhes merecem ajustes, a nova Heritage também traz evoluções bastante interessantes. As válvulas de enchimento dos pneus passaram à posição inclinada, o que facilita a operação de calibragem. Os comandos também estão muito bem distribuídos e de fácil acesso. A inclusão do piloto automático foi outro grande acerto da Harley, já que é um sistema altamente relevante em um veículo projetado para estradas e que passa horas no asfalto. Seu acionamento é intuitivo, simples, preciso e dá ao piloto maior conforto na estrada. Os freios são eficientes, macios ao toque e precisos na ação de frenagem. Outro ganho substancial veio dos novos faróis de leds. Os alforjes, agora rígidos, são de tamanho razoável e bastam para viagens curtas. Fechá-los com chave dá maior segurança à guarda dos pertences. Já o baú e sua base têm chaves distintas, o que também dificulta furtos.

Harley-Davidson Heritage Classic

No final dos 1.200 km de estrada, o novo assento da Heritage Classic se revela bem confortável para o piloto. Permitiu rodar dois dias, por 7,5 horas em cada, parando apenas para reabastecimento e lanche, e chegar ao destino com ótima disposição. Já em relação ao carona, a retirada do Sissy Bar, encosto para passageiros que era item de série até o modelo 2017, foi sentida pelos amantes da Heritage. Vale investir R$ 3.300 na compra de um Sissy Bar, que agora é opcional e pode ser instalado com docking, para manter a segurança e o conforto do carona, bem como a estética tradicional do modelo. Felizmente a Heritage Classic testada tinha o opcional de baú com encosto (R$ 6.950 + R$ 2.030 pelo suporte do baú + R$ 503 pelo docking), que supre a ausência do Sissy Bar.

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