Entrevista com José Ricardo Alouche (VW/MAN)

Depois de cinco anos consecutivos de quedas nas vendas, muitas empresas do setor de ônibus e caminhões festejam o reaquecimento do mercado em 2018. Mas poucos têm mais motivos para comemorar do que a MAN Latin America. A fabricante da cidade fluminense de Resende, que produz veículos comerciais das marcas Volkswagen Caminhões e Ônibus e MAN, comemora um crescimento nas vendas, de janeiro a abril, de impressionantes 45% em relação ao primeiro quadrimestre do ano passado. “Os últimos anos foram de quedas consecutivas. Este ano, finalmente, o mercado tem dado mostras sólidas de uma recuperação crescente”, acredita o engenheiro paulistano José Ricardo Alouche, 51 anos, vice-presidente de Vendas, Marketing e Pós-Vendas da MAN Latin America.

O executivo começou há 30 anos na Volkswagen Caminhões e Ônibus e, na área comercial, participou dos lançamentos das linhas Constellation, Delivery, Worker e Novo Delivery, além dos primeiros chassis de ônibus Volksbus com motor traseiro e suspensão pneumática. A implantação da marca MAN no mercado nacional foi um dos desafios que acompanhou de perto. “Hoje, o transportador brasileiro reconhece a qualidade e a tecnologia dos caminhões MAN. O mercado sabe que pode confiar nos nossos veículos: são mais de 250 anos de tradição e confiança do Grupo MAN somados à expertise da engenharia da MAN Latin America em operações de transporte de cargas em território nacional. É por isso que os caminhões MAN contribuem de forma significativa na nossa participação no mercado de extrapesados do Brasil”, comemora Alouche.

Entrevista com José Ricardo Alouche (VW/MAN)

P) O conceito de “dual brand”, ou seja, a atuação simultânea no Brasil com as marcas Volkswagen Caminhões e Ônibus e MAN, está funcionando?

R – Sempre buscamos ser uma montadora full-liner, tanto que trouxemos para o Brasil a linha de cavalos mecânicos MAN TGX para completar nosso portfólio. O conceito dual-brand funciona plenamente e fortalece nossa atuação, seguindo nossa tradicional filosofia sob medida: “Menos você não quer, mais você não precisa”. Ambas as marcas, Volkswagen Caminhões e Ônibus e MAN, se complementam e são fundamentais para nossa disputa pela liderança no mercado brasileiro de caminhões.

P) Em 2012, quando o TGX foi lançado, a MAN esperava alcançar uma fatia de mercado de 30% no segmento de extrapesados até 2015, o que não aconteceu. Qual será a estratégia para vencer concorrentes já consagrados no segmento?

R – Quando lançamos a linha MAN, em 2012, todo o mercado vivia uma realidade completamente distinta. De lá para cá, as vendas de toda a indústria sofreram sucessivas quedas. Hoje, no segmento de pesados, com as marcas Volkswagen e MAN, temos cerca de 10% de participação, o que representa uma grande conquista já que conseguimos ganhar mercado para nossa nova marca mesmo em meio a esse cenário de tantas incertezas pelo que passamos nos últimos anos.

Entrevista com José Ricardo Alouche (VW/MAN)

P) Como está a aceitação do novo Volkswagen Delivery Express, o caminhão leve que acaba de chegar às concessionárias?

R – O Delivery Express é um sucesso em todas as apresentações que fizemos até hoje com o veículo, seja no Brasil ou nos outros países em que já foi lançado como México, Argentina, Chile e Uruguai. Sem dúvida, sua estreia nas concessionárias era o lançamento mais aguardado do ano. Estamos seguros de que o Delivery Express vai virar uma página no transporte urbano: é o caminhão que todo o motorista pode dirigir, combinando o conforto de um automóvel à robustez de um caminhão de verdade.

P) A apresentação do protótipo elétrico e-Delivery foi um dos grandes sucessos da última Fenatran, no final do ano passado. Como está o desenvolvimento do modelo?

R – O e-Delivery está em testes internos de engenharia e vai estrear na frota de distribuição de produtos da Ambev ainda este ano, como parte de seu desenvolvimento. A produção em série está prevista para 2020.

P) O programa Caminho da Escola, criado em 2007 pelo Governo Federal, se propõe a levar transporte escolar de qualidade a todo o Brasil e tem estimulado bastante a produção de ônibus escolares no país. Como está a participação da Volkswagen Caminhões e Ônibus nesse programa?

R – De um total de 39 mil ônibus produzidos dentro do programa Caminho da Escola, 20 mil são da Volkswagen, a maior fornecedora de chassis para a iniciativa. Nossas unidades transportam mais de 3,5 milhões de crianças nos lugares mais remotos do Brasil, atendendo à cerca de 5 mil municípios. Temos a maior frota do programa graças ao portfólio desenvolvido especialmente, que reúne atributos como baixo custo operacional e robustez sob medida. Recentemente, vencemos uma licitação para entrega de mais 3.400 ônibus escolares ao programa, que poderão ser adquiridos por prefeituras e Estados de todo o país até abril do próximo ano.

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